O PT e PSB, partidos respectivamente do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, vão anunciar publicamente apoio à reeleição do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), nesta terça-feira, às 16h. Junto com PCdoB e PV, que formam uma federação com os petistas e precisam agir em bloco com eles, as legendas somam 94 deputados.
Lira está com a reeleição para o comando da Casa praticamente definido com a sinalização de partidos que representam mais de 400 dos 513 deputados da Câmara.
A decisão do partido de Lula representa uma mudança de postura em relação ao que era adotado pelo petista durante a campanha eleitoral. Lira consolidou sua rede de apoios com o orçamento secreto, esquema de compra de apoio político revelado pelo jornal Estado de S. Paulo. O instrumento foi criticado diversas vezes pelo vencedor da eleição presidencial deste ano.
Após o período eleitoral, a relação de ambos mudou e Lira, que é da base do presidente Jair Bolsonaro (PL), foi um dos primeiros políticos a parabenizar Lula pela vitória. Sem conseguir uma base forte, Lula e o PT optaram por compor Lira visando evitar repetir o erro de 2015, quando os petistas lançaram Arlindo Chinaglia para concorrer contra Eduardo Cunha. No mesmo ano em que venceu o petista, Cunha abriu o processo de impeachment contra a então presidente Dilma Rousseff (PT).
PT e PSB deram um apoio formal a Baleia Rossi (MDB-SP) contra Lira na eleição para o comando da Câmara em 2021. Apesar disso, o deputado do PP sempre teve proximidade com parlamentares dos dois partidos, como José Guimarães (PT-CE), Reginaldo Lopes (PT-MG), Paulo Teixeira (PT-SP) e Felipe Carreras (PSB-PE), que foi escolhido para liderar o partido de Alckmin na Câmara em 2023.
Apesar de os dois partidos terem decidido fazer um anúncio conjunto, não há garantia que as duas legendas irão compor o mesmo bloco partidário. Para negociar presidências de comissões e espaço na Mesa Diretora, o PSB planeja construir um bloco com PSDB, Cidadania e PDT. Já o PT tem negociação aberta com o União Brasil. A avaliação da bancada do PSB é que entrar em um bloco junto com partidos grandes, como o PT, deixaria eles com menor poder de barganha na divisão dos cargos. A ideia é juntar os partidos menores, onde a correlação de forças é similar, e juntos eles apresentarem candidatos de consenso para as funções
A previsão dos líderes partidários é que Lira enfrentará a concorrência apenas de candidatos que querem marcar posição e que não representam ameaça a sua reeleição, como deputados do PSOL e do Novo. Até entre rivais declarados de Lira no Congresso há o reconhecimento de que ele consolidou a reeleição.
— A composição política já está feita. Primeiro faz a maioria, o novo governo constrói a maioria, depois elege os presidentes das Casa, depois vota a pauta mínima ou máxima. Nós não fizemos as duas etapas, agora é fazer a terceira, mas fazer com a participação dos presidentes das Casas — disse o senador Renan Calheiros (MDB-AL). — Já foi, a maioria agora tem que ser formada com a participação deles (Lira e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco). Você tem um roteiro, quando deixa de fazer uma etapa, não tem como resgatá-la mais adiante — completou.
Por outro lado, o ex-presidente do Senado e deputado eleito, Eunício Oliveira (MDB-CE), afirmou que não descarta lançar candidatura para concorrer contra o deputado do PP.
— Daqui para fevereiro nasce gente e morre gente. Nada está definido — declarou. — Eu não descarto nada. Quando você está habilitado para ser, não pode descartar (ser candidato a presidente da Câmara). Vamos aguardar os fatos — disse o emedebista aliado de Lula, que criticou os petistas que organizaram apoio a Lira.