A Polícia Rodoviária Federal (PRF) fez 49 prisões "pelos mais diversos crimes" durante a operação que visou liberar rodovias tomadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro em todo o país após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva. As atividades da corporação se intensificaram após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou medidas para desobstruir as vias interditadas por manifestantes.
Em nota divulgada na quarta-feira (16), a PRF afirmou que, em razão do número de manifestantes nos atos considerados antidemocráticos e o tamanho das equipes que atuaram na linha de frente da Operação Rescaldo, a corporação "segue um protocolo progressivo a fim de resguardar a vida e a integridade de todos".
A PRF sustentou que as prisões envolvem "uma grande dificuldade", citando o episódio registrado em Novo Progresso, no interior do Pará - quando manifestantes foram flagrados jogando pedras contra um comboio que tentava liberar trecho da rodovia BR-163 no município do sudoeste do Estado. Um policial acabou ferido.
No último dia 9, a corporação informou ter desobstruído todas as vias do país que haviam sido bloqueadas por apoiadores do presidente Bolsonaro inconformados com o resultado das urnas. As interdições tiveram início no dia seguinte ao segundo turno do pleito, no dia 30. Logo em seguida, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou a desobstrução das estradas - decisão confirmada pelo plenário da Corte na madrugada do dia 1º.
Em meio às cobranças, não só públicas, mas também do Judiciário, a PRF empregou diferentes esforços para liberar as vias. O diretor-geral da corporação, Silvinei Vasques, chegou a pedir uma verba de R$ 970 mil ao Ministério da Justiça para custear passagens e diárias de policiais e suspendeu atividades administrativas não essenciais da corporação, assim como folgas para compensação de horas.
Na mira de investigações por possível prevaricação, Silvinei narrou ao STF que houve "redução de efetivo operacional" na Operação Rescaldo, mas sustentou que, nos Estados em que foram registrados atos considerados antidemocráticos, a equipe foi ampliada e direcionada para os "locais de manifestação".
Nesta terça-feira (15), o Ministério Público Federal no Rio de Janeiro pediu o afastamento imediato de Silvinei, por 90 dias, sob a alegação de que o chefe da PRF fez uso indevido do cargo para beneficiar a candidatura à reeleição do presidente Bolsonaro.
Agora, as polícias e o Ministério Público tentam identificar os líderes e financiadores dos atos considerados antidemocráticos. As forças policiais e promotorias enviaram ao ministro Alexandre de Moraes informações que podem colocar os bolsonaristas na mira de investigações criminais.