O Supremo Tribunal Federal (STF) vai reforçar a segurança no 7 de Setembro por temer ataques isolados à Corte. Integrantes da área de segurança da Corte elaboraram um protocolo de ação para prevenir que apoiadores radicais do presidente Jair Bolsonaro (PL) tentem furar o bloqueio montado pelos órgãos de segurança na Esplanada dos Ministérios no dia da Independência. Para garantir a proteção do prédio, a maior parte do contingente de agentes estará de prontidão para conter os desgarrados com o que chamam de uso "seletivo e proporcional da força".
O tribunal não revela o tamanho do efetivo que estará destacado, mas informa que o número será 70% maior do que o escalado no ano passado. Os agentes estarão munidos de diferentes tipos de armamentos, que vão desde de tasers (que disparam choques elétricos) a armas longas, como submetralhadoras.
Para lidar com um possível cenário de conflito, além dos agentes da polícia judiciária, o STF deve contar com ao menos 47 vigilantes armados e outros 98 desarmados que integram a equipe de segurança terceirizada. A Corte escalou 100% do efetivo privado para trabalhar no plantão do 7 de setembro.
Alto Risco
A segurança do tribunal classifica as manifestações bolsonaristas deste ano como de alto risco ao prédio. O presidente convocou seus apoiadores por meio de discursos inflamados, nos quais cobrou que saiam às ruas "pela última vez" no 7 de Setembro.
O esquema de proteção do STF ainda contará com o apoio de outros quatro tribunais do Distrito Federal, como o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que concordaram em ceder agentes das respectivas Polícias Judiciais para reforçar a estrutura da Suprema Corte. Uma barreira antidrone também foi montada para evitar ataques aéreos.
Parte importante do protocolo é garantir a segurança dos ministros. O STF optou por não informar o paradeiro de cada magistrado, mas fontes no tribunal garantem que cada um terá a sua disposição um grupo preparado para protegê-los em diversos cenários.
A Corte firmou um acordo com a PM para impedir que caminhões entrem na Esplanada, como ocorreu no ano passado. Manifestantes bolsonaristas e caminhoneiros ficaram acampados por dois dias em frente ao Congresso. Esse movimento colocou a segurança do STF em alerta vermelho.
TSE
A três quilômetros da Esplanada, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também montou um esquema de reforço à segurança. A Corte se tornou o alvo preferencial de Bolsonaro na queda de braço em torno das urnas eletrônicas. A Justiça Eleitoral, porém, não deve ter o mesmo efetivo de guerra deslocado pelo STF.
O TSE é classificado pela equipe da Secretaria de Segurança Pública como parte de um "perímetro secundário", que não terá prioridade nos protocolos de proteção. A Corte Eleitoral estará fechada no dia 7 de Setembro e contará com barreiras de acesso e gradis para limitar o deslocamento na área. Servidores da área de segurança institucional do tribunal dizem que eventuais ataques de radicais não estão no radar, sobretudo pela distância do local em que serão realizadas as manifestações.
A alta adesão de apoiadores de Bolsonaro em Brasília já é perceptível. A taxa de ocupação dos hotéis para 6 a 7 de setembro varia de 70% a 100%, e com tendência de crescimento.