O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a esposa dele, a socióloga Rosângela "Janja" da Silva, assinaram nesta segunda-feira (8), a carta pela democracia organizada pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). O manifesto, que é aberto ao público, já ultrapassou a marca de 790 mil adesões.
Os candidatos à Presidência Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e Felipe D'Ávila (Novo) também aderiram ao manifesto, além dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Dilma Rousseff (PT). O candidato a vice na chapa do PT, Geraldo Alckmin (PSB), também assinou.
Lula hesitava em assinar a carta por temer que a adesão dele fosse interpretada como um gesto eleitoreiro ou, ainda, fizesse com que o documento fosse apontado como enviesado. O tópico vinha sendo discutido pelo comando da campanha do petista, que avaliava ainda o risco de a subscrição partidarizar o debate. O fato de candidatos à presidência de outros partidos terem assinado a carta fez com que conselheiros passassem a defender a ideia de que o ex-presidente também aderisse.
Nesta segunda-feira (8), completam-se 45 anos da leitura da primeira carta pela democracia, ocorrida no Pátio das Arcadas da Faculdade de Direito da USP, centro de São Paulo. Naquela ocasião, o professor Goffredo Telles Júnior apresentou um documento crítico à ditadura militar e ao sufocamento das liberdades durante o regime. Assim como o manifesto recente, aquele reuniu signatários de diferentes visões políticas.
A nova carta pela democracia foi redigida em reação à investida mais enfática do presidente Jair Bolsonaro contra o processo eleitoral até o momento. O documento será lido em ato no dia 11 de agosto no Largo de São Francisco, também no Pátio das Arcadas.
Em 18 de julho, o chefe do Executivo reuniu embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada para desacreditar, sem apresentar provas, a segurança do sistema eletrônico de votação e colocar em descrédito os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cuja atribuição é garantir a lisura do pleito.
Na última terça-feira (2), o presidente chamou de "sem caráter" e "cara de pau" os cidadãos que assinaram o documento. Ele argumentou que o manifesto é fruto de apoiadores da esquerda que admiram ditaduras da América Latina, artistas que costumavam obter mais recursos da Lei Rouanet, entre outros.
O documento é assinado por juristas, ministros eméritos do Supremo Tribunal Federal (STF), docentes universitários, membros dos tribunais de contas e do Ministério Público, empresários de vários setores, banqueiros, artistas e líderes políticos, entre outras personalidades de diversas categorias.