Atos em defesa da democracia ocorrem em todo o Brasil nesta quinta-feira (11). São pelo menos 65 manifestações, em capitais, Porto Alegre entre elas, e também em algumas cidades do Interior. O principal ato foi realizado na Universidade de São Paulo (USP).
No local, foram lidas duas cartas que manifestam preocupação com a normalidade democrática no país. Um primeiro ato teve a leitura do manifesto Em Defesa da Democracia e Justiça,organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e apoiado por 107 entidades da sociedade civil e empresariais de diversos setores, como Febraban, Fecomércio-SP, centrais sindicais, OAB São Paulo, USP, Unicamp, Cebri, WWF, Greenpeace, Iedi, Abdib, PróGenéricos e Fundação Fernando Henrique Cardoso.
Em seguida, houve a leitura da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros - Estado Democrático de Direito Sempre. A carta conta com aproximadamente 900 mil assinaturas. Além de juristas e advogados, empresários e artistas participaram dos atos na USP.
Em Porto Alegre, o ato aconteceu nas escadarias do prédio da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com início às 11h. Além da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros - Estado Democrático de Direito Sempre, foi lido um texto elaborado pelo curso jurídico da UFRGS. O ato foi aberto pela diretora da Faculdade de Direito da universidade gaúcha, Claudia Lima Marques. Ela destacou que o movimento não tinha caráter partidário, mas de defesa da democracia.
No ato da USP, o reitor da universidade, Carlos Gilberto Carlotti Junior, abriu o evento com discurso defendendo o processo eleitoral, a soberania popular e criticando fake news e arbitrariedade.
— Estar aqui hoje é um dever nosso com a sociedade paulista e brasileira. Estamos aqui para defender democracia, justiça eleitoral e sistema eleitoral com as urnas eletrônicas. Que a vontade do povo brasileiro seja respeitada e soberana — disse Carlotti Junior.
O reitor falou em nome de todas as universidades públicas do Estado de São Paulo no Salão Nobre da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, onde estavam representantes da sociedade civil e empresários. Carlotti Junior defendeu também eleições livres e tranquila.
— Queremos um processo eleitoral sem fake news e intimidações. Não queremos o arbítrio — afirmou.
Ele relembrou o período de exceção e disse que as cicatrizes não foram esquecidas.
— Deveríamos estar pensando em nosso futuro, em como resolver problemas graves da economia e da saúde e da educação, mas estamos voltados em impedir retrocessos. Estado Democrático de Direito sempre — disse.
Durante o ato na USP, a presidente da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo, Patricia Vanzolini, disse que o Brasil não pode flertar com ausência da democracia durante o ato que ocorre na Universidade de São Paulo.
— Não podemos sentir saudade da democracia. Não podemos flertar com a ausência dela — disse Patricia.
O ex-ministro da Justiça José Carlos Dias destacou a união de empresários e trabalhadores em defesa da democracia durante o ato na Universidade de São Paulo.
— Hoje é um momento inédito em que capital e trabalho se unem em defesa da democracia — disse Dias, afirmando estar emocionado em participar do evento.
Ele lembrou da iniciativa da carta dos brasileiros contra a ditadura militar, de 1977, gestada na mesma Faculdade de Direito da USP. Na sequência ele leu a Carta em defesa da democracia e da Justiça, articulada pela Fiesp.