O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que o ofício enviado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelo Ministério da Defesa com pedido para facilitar a auditagem de urnas eletrônicas por partidos políticos é "técnico". Ele voltou a falar que a pasta levantou "centenas de vulnerabilidades" sobre a eleição e a criticar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
— Não podemos ter eleições, está lá no ofício, sob manto da desconfiança. Uma (sugestão) muito importante foi de uma apuração simultânea, não sei por que não aceitam isso. Se eu sou presidente do TSE, aceito todas as sugestões, discutimos e chegamos a um denominador comum — afirmou.
Bolsonaro disse que irá conversar com o ministro da Defesa quando chegar ao Brasil. Ele viajaria de Los Angeles, onde participou da Cúpula das Américas, a Orlando na sexta (10). A previsão é que retorne ao Brasil neste sábado (11).
— Tomei conhecimento agora. Quero analisar melhor na viagem. Pelo que eu sei, é um ofício técnico — afirmou Bolsonaro, sobre o texto enviado pela Defesa ao TSE.
Em sintonia com a proposta do presidente, as Forças Armadas defenderam na sexta-feira que seja facilitada a auditagem das urnas eletrônicas por partidos políticos. A proposta consta em ofício encaminhado pelo ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ao presidente do TSE, ministro Edson Fachin.
Biden
A investida de Bolsonaro contra o sistema eleitoral era um dos temas espinhosos da passagem do brasileiro pelos Estados Unidos. O presidente americano, Joe Biden, deixou claro para Bolsonaro que os Estados Unidos esperam que o resultado da eleição brasileira seja respeitado, segundo a porta-voz em português do Departamento de Estado americano, Kristina Rosales.
Questionado sobre o teor da conversa, Bolsonaro afirmou que "conversou por alto" sobre o sistema eleitoral brasileiro.
— Não estou aqui trazendo problemas do Brasil para cá. Não vou entrar nessa discussão. Todos nós queremos, como a grande parte do TSE quer, eleições limpas, transparentes e auditáveis — argumentou.
Diante de Biden, Bolsonaro defendeu a realização de eleições justas e "auditáveis". Bolsonaro tem feito repetidas investidas contra o sistema eleitoral brasileiro, com acusações sem prova sobre a confiabilidade do processo de voto.
Quando defende que as eleições sejam auditáveis, Bolsonaro argumenta que o sistema atual não é passível de auditoria, o que é incorreto. Ele já chegou a sugerir, inclusive, que as Forças Armadas façam uma contagem paralela de votos e tem colocado em xeque a imparcialidade de ministros do TSE, responsável pela realização de eleições.
Na sexta-feira, a diplomacia americana confirmou que o assunto foi tratado e que os EUA esperam que Bolsonaro cumpra seu compromisso de deixar o cargo de forma democrática, se perder a eleição.