Após uma gafe cometida no sábado (30), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou seu discurso no evento em comemoração ao 1º de maio, em São Paulo, com um pedido de desculpas aos policiais brasileiros. Lula havia dito no sábado que Bolsonaro "não gosta de gente, gosta de policial" e foi criticado por adversários nas redes sociais.
Neste domingo (1º), Lula disse que, na verdade, queria dizer que Bolsonaro gosta "de milicianos". Ao falar sobre os policiais, disse que eles "muitas vezes cometem erros, mas muitas vezes salvam muita gente do povo trabalhador".
— E nós temos que tratá-los como trabalhador — afirmou o ex-presidente. — Eu escolhi o mês dos trabalhadores para pedir desculpas aos policiais que por acaso se sentiram ofendidos com o que eu falei ontem.
Nos últimos meses, com a proximidade do lançamento da campanha, Lula cometeu gafes que têm sido vistas com preocupação por aliados. É o caso da fala sobre os policiais e também sobre aborto, além de uma sugestão para que sindicalistas procurassem deputados em suas casas.
— Neste país não é habitual as pessoas pedirem desculpa. Eu, por exemplo, estou esperando há seis anos que as pessoas que me acusaram o tempo inteiro peçam desculpas — disse Lula, ao falar sobre decisão de órgão da ONU sobre a parcialidade do ex-juiz Sergio Moro para julgar o caso de Lula.
O ex-presidente chegou com mais de três horas de atraso ao ato político das centrais sindicais em comemoração ao Dia do Trabalho. O baixo quórum no evento durante a manhã fez organizadores se preocuparem e jogarem as manifestações políticas para mais perto do horário previsto para o show de Daniela Mercury. Quando Lula entrou no palco, o local já reunia mais participantes do que os que estavam presentes no horário do almoço.
Petrobras e Eletrobras
Lula também usou o discurso alusivo ao Dia do Trabalho para dizer que não concorda com a privatização da Eletrobras. Além disso, afirmou ser necessário "voltar a recuperar a Petrobras".
— Se a Eletrobras for privatizada, nunca mais vai ter um programa como o Luz para Todos, que levou energia para os mais pobres — disse.
Na semana passada, o ex-presidente já havia dito que, se eleito, não permitiria a privatização de estatais como a Petrobras, Eletrobras, Correios e Banco do Brasil.
Ele focou o discurso nos problemas econômicos atuais, sobretudo a inflação alta e a perda de renda do trabalhador em consequência disso.
— Temos que fazer uma luta incomensurável para reduzir a inflação e transformar inflação em aumento de salário para que o povo possa comer e viver melhor neste país — disse, afirmando que pegará "um país destruído", em caso de eleição.
Ele ainda afirmou que, se eleito, pretende regulamentar o trabalho dos entregadores por aplicativo que, segundo ele, precisam ter acesso a seguro-saúde e descanso semanal remunerado. Disse também que quer chamar trabalhadores para discutir mudanças na aposentadoria e em benefícios.