O ministro da Educação, Milton Ribeiro, decidiu entregar o cargo para evitar danos à campanha eleitoral do presidente Jair Bolsonaro, pré-candidato à reeleição em outubro, segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo. O titular do MEC está envolvido em suspeitas sobre a atuação de dois pastores em uma espécie de gabinete paralelo na pasta.
Ainda conforme o Estadão, Bolsonaro deve aceitar a demissão do ministro, que deixaria o cargo até o dia 1º de abril. Para o lugar de Ribeiro, o atual secretário-executivo da pasta, Victor Godoy Veiga, é o mais cotado.
A "fritura" do ministro da Educação tinha crescendo nos últimos dias nos bastidores do Palácio do Planalto. Integrantes do Centrão, da bancada evangélica e da coordenação da campanha de Bolsonaro elevaram o tom e pediram a cabeça de Ribeiro o quanto antes, para blindar não apenas o presidente, mas o próprio segmento religioso, incomodado com as denúncias de corrupção reveladas pelo Estadão.
Na sexta-feira (25) passada, a Polícia Federal instaurou inquérito para apurar se houve favorecimento ilegal em repasses de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do MEC. O inquérito foi aberto a pedido da Controladoria-Geral da União (CGU), que enviou ao órgão na quinta (24) o resultado de uma sindicância interna que apontou supostas fraudes.
Também na semana passada, o jornal Folha de S.Paulo divulgou áudio em que Milton Ribeiro afirma repassar verbas para municípios indicados por dois pastores, Gilmar Santos e Arilton Moura, a pedido do presidente Bolsonaro. Na esteira da revelação, prefeitos fizeram denúncias sobre propinas que os pastores pediam para facilitar a liberação das verbas.