O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse nesta segunda-feira (31) que pretende convocar o ministro da Justiça, Anderson Torres, e o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, para prestarem esclarecimentos no Senado sobre o relatório que concluiu não ter havido crime de prevaricação do presidente Jair Bolsonaro no caso Covaxin.
Líder da oposição no Senado, o parlamentar chamou o presidente de "maloqueiro" e sugeriu que o relatório pode ser fruto de interferência do mandatário na PF. "Não bastasse desmoralizar as instituições, agora Bolsonaro esculhamba a Polícia Federal. Precisamos tirar esse maloqueiro da Presidência esse ano! Vamos pedir a convocação do ministro da Justiça e do diretor da PF para prestar esclarecimentos no Senado", publicou Randolfe em uma rede social.
A negociação em torno da compra da vacina da Covaxin motivou uma das principais linhas de investigação da comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Covid, da qual Randolfe foi vice-presidente. O caso foi levantado depois que o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, disseram em depoimento à comissão que o presidente ignorou alertas a respeito de suspeitas de corrupção no processo de aquisição do imunizante.
O governo chegou a empenhar os recursos para aquisição de 20 milhões de doses da vacina indiana, mas cancelou o contrato após a CPI começar a apurar possíveis irregularidades. A própria Controladoria-Geral da União (CGU) recomendou que o negócio fosse desfeito.
No relatório final da CPI, o relator Renan Calheiros (MDB-AL) atribuiu ao presidente o crime de prevaricação — o ato de se omitir diante de denúncia grave — no caso Covaxin. O chefe do Executivo também foi acusado de agir com dolo na pandemia, praticar incitação ao crime, promover epidemia com resultado morte, entre outros crimes.