Em entrevista para o jornal O Globo, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso voltou a discutir a possível suspensão do Telegram no Brasil.
— Eu penso que uma plataforma, qualquer que seja, que não queira se submeter às leis brasileiras deva ser simplesmente suspensa — afirmou.
No início do mês, em entrevista ao Estadão, Barroso chegou a afirmar que não gosta da ideia de banir uma plataforma, contudo, o aplicativo tem ignorado tentativas de diálogo feitas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que busca um trabalho em conjunto no combate à desinformação durante as eleições de 2022.
Outras redes sociais, como Facebook, WhatsApp e TikTok, já fizeram parceria com o TSE nas eleições municipais passadas, em 2020, com o objetivo de conter redes de desinformação. Portanto, a recusa do Telegram de cooperar com a Justiça brasileira pode acabar causando sua suspensão no país.
— Nenhum ator relevante no processo eleitoral pode atuar no país sem que esteja sujeito à legislação e a determinações da Justiça brasileira — declarou Barroso.
Para o ministro — presidente do Tribunal Superior Eleitoral até dia 22 de fevereiro, quando deve passar o cargo para Edson Fachin —, o Brasil "não é casa da sogra" e não deve suportar um aplicativo que seja sede para ataques à democracia, ou faça apologia ao nazismo, ao terrorismo e possibilite a venda de armas.
Na semana passada, o Telegram bloqueou dezenas de canais na Alemanha em meio à pressão do governo e das autoridades locais por medidas contra grupos que usam o aplicativo para espalhar desinformações sobre a pandemia e organizando protestos violentos. Segundo o jornal Süddeutsche Zeitung, a medida é inédita para a plataforma no território alemão.