O pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, afirmou que, se eleito, terá a aprovação de reformas como prioridade e, para concretizá-las, abriria mão de disputar a reeleição. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, nesta terça-feira (25), o político também defendeu sua candidatura, em meio a um cenário polarizado, e chamou os postulantes da terceira via de "viúvas do Bolsonaro".
— Minha candidatura vai até o fim se não aparecer alguém como eu, que se comprometa em debater as causas do problema brasileiro e as soluções. O que a imprensa de São Paulo, e pautou a imprensa brasileira de forma preguiçosa, chamou de terceira via, se você reparar, com todo respeito aos meus opositores, são viúvas do Bolsonaro — disse.
Como exemplos, citou os pré-candidatos à Presidência João Doria, do PSDB, e Sergio Moro, do Podemos, e a atuação deles na campanha eleitoral de 2018 e logo após o pleito.
— O Doria mudou de nome na véspera das eleições e se chamou de "BolsoDoria". São viúvas do Bolsonaro. O Moro é juiz que usa a toga, isso talvez seja a mais grave lesão moral que possa acontecer na longa história da república do mundo. Um juiz condena um político, na eleição vai ser ministro do político beneficiado pela sua sentença. Em seguida, vai trabalhar para uma empresa estrangeira, ganhando em dólar, escondendo o valor que recebeu. Essas coisas a gente tem que examinar para não ficar acreditando em Papai Noel e se decepcionando — disse.
O ex-governador do Ceará também não poupou críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de quem foi ministro. Ciro acusou o pré-candidato petista de corrupção e disse que ele anda "mal acompanhado".
— Não dá para disfarçar que o braço direito do Lula, o (Antonio) Palocci, devolveu R$ 100 milhões (para a Lava-Jato). Tem muitos defeitos nos processos, mas devolver esse dinheiro roubado é um elemento objetivo muito prático. O Lula anda muito mal-acompanhado — declarou.
Ciro, porém, condenou o voto em Jair Bolsonaro como forma de protesto:
— As pessoas estão profundamente decepcionadas com o Bolsonaro. E aí faz o que? Vota no Bolsonaro para protestar contra o PT? Precisamos sair dessa. Discutir a causa dos problemas brasileiros e as soluções.
Entre as propostas do pré-candidato, está acabar com o teto de gastos — regra que limita o crescimento da maior parte das despesas públicas à inflação. Segundo ele, a medida nunca foi executada de fato no país. Também afirmou que abrirá mão de disputar uma possível reeleição para aprovar reformas estruturais no Congresso, inclusive a política.
— O teto de gastos sempre foi uma mentira. Nunca foi praticado um dia sequer. A reforma política será feita nos seis primeiros meses (de um eventual governo). Nós vamos discutir basicamente o sistema de financiamento da economia brasileira, todos os seus aspectos. Discutir o pacto federativo. Vamos organizar um novo desenho para as instituições políticas do Brasil — disse.
O teto de gastos sempre foi uma mentira. Nunca foi praticado um dia sequer.
CIRO GOMES
pré=candidato à Presidência
Para geração de emprego, disse que o resultado pode ser imediato. Para isso, prometeu dar continuidade às obras públicas paralisadas.
— A imediata resposta na questão do emprego virá do dinheiro público em construção civil e nas compras governamentais — afirmou.
Ciro não garantiu que Marina Silva será vice em sua chapa nas eleições. Afirmou que isso ainda será definido, mas que tem afinidade com a política.
— Não convidei ainda porque tenho duas razões para isso. Até porque a Marina tem todas as qualidades para ser ela mesma presidente do Brasil. Somos muito amigos, temos afinidades. Ela é uma pessoas honrada —disse.
A entrevista com Ciro Gomes faz parte de uma série do Gaúcha Atualidade que já ouviu os pré-candidatos à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Sergio Moro (Podemos), Simone Tebet (MDB) e Luiz Felipe D'Avila (Novo).