Ainda sem confirmar que disputará as eleições de 2022, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, nesta terça-feira (30), que o Brasil não pode voltar a experimentar "aventuras", dizendo que Jair Bolsonaro é uma delas, assim como Fernando Collor foi no passado. O petista ainda falou sobre possíveis alianças e não descartou contar, numa eventual candidatura, com Geraldo Alckmin, que está de saída do PSDB. A entrevista faz parte de uma série do programa com os pré-candidatos à Presidência da República no ano que vem.
— Não tenho pressa para definir se vou ser candidato ou não. O partido definiu que, se tiver candidato, serei eu. Vou conversar com lideranças e com o partido, e vamos definir se serei candidato ou não — disse.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de ter Alckmin como companheiro de chapa, o petista afirmou que o ex-governador paulista sequer sabe em qual legenda vai ingressar. Contudo, ressaltou que ambos têm uma boa relação.
— Tive uma extraordinária relação com o Alckmin no meu governo. Ele está definindo qual será seu partido político, e nós estamos no processo de conversar. Vamos ver se é possível construir uma aliança política. Mas é o seguinte: eu quero construir uma chapa para ganhar as eleições — afirmou.
Presidente e presidenciável na mira
Ao longo da entrevista, o ex-presidente fez duras críticas ao atual chefe do Executivo, que, segundo Lula, é o maior culpado pela atual situação do país.
— O Bolsonaro não governa o Brasil. Ele não entende de economia, de política social, de futebol, de partido político. Ele é uma anomalia. O Brasil não merecia Bolsonaro — afirmou.
— Aventuras não dão certo. Bolsonaro é um exemplo disso. O Collor é outro exemplo — completou.
Questionado sobre a inflação no país, que deve fechar o ano acima dos dois dígitos — o que não acontecia desde 2015, ainda no governo de Dilma Rousseff (PT) —, Lula afirmou que a responsabilidade pela alta dos preços é do Planalto. De acordo com ele, "50% da inflação está subordinada aos preços controlados pelo governo".
O ex-presidente aproveitou ainda para criticar a atual política de preços da Petrobras:
— Ele (Bolsonaro) não entende da política de preços da Petrobras. Qualquer pessoa séria que ganhar em 2022 não manterá essa política de preços. Vou dizer em alto e bom tom: nós não manteremos essa política de paridade (com o mercado internacional de petróleo) — afirmou.
Ele (Bolsonaro) não entende da política de preços da Petrobras. Qualquer pessoa séria que ganhar em 2022 não manterá essa política de preços
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
pré-candidato à Presidência
Ao ser perguntado sobre os escândalos de corrupção envolvendo ele e o PT, Lula se declarou inocente e aproveitou a ocasião para criticar o ex-juiz da Lava-Jato, Sergio Moro, pré-candidato à Presidência pelo Podemos.
— Acho maravilho o Moro se colocar como candidato. A gente vai conversar com ele sem a proteção da toga, pra dizer na cara dele que ele é mentiroso. Ele é falso.
O primeiro pré-candidato ouvido pelo Gaúcha Atualidade foi Luiz Felipe D'Avila do partido Novo. Na próximo sexta, Sergio Moro será ouvido pelo programa.