Ao colocar seu nome a disposição para disputar a presidência da República, o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro (Podemos) afirmou, em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, que não é contra o sistema político, mas sim contra o sistema de corrupção que existe na política. Ele também destacou que não se pode "infantilizar a política" e que não está apresentando seus projetos para atacar Jair Bolsonaro ou o ex-presidente Lula.
— Não enfrentei o sistema político, mas sim o sistema da corrupção. Não tenho nada contra a política, que se faz com princípios, projetos e diálogo — afirmou, ao se referir como pretende lidar com o Poder Legislativo caso seja eleito à Presidência da República.
Moro afirmou que sabia que o presidente Jair Bolsonaro era uma pessoa "controvertida" quando aceitou ser ministro, mas que acreditava que existia a chance de mudança, apesar de todos saberem que ele (Bolsonaro) não era a melhor pessoa (para o cargo). O ex-juiz também comentou que não teve apoio para a aprovação do seu projeto anticrime e que o presidente "sabotava" sua agenda, além da suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal.
Duvido que não existisse um único brasileiro que não dava o benefício da dúvida que podia dar certo
SERGIO MORO
pré-candidato à Presidência, sobre 2018, quando Bolsonaro foi eleito
— Mas duvido que não existisse um único brasileiro que não dava o benefício da dúvida, que podia dar certo (falando sobre 2018, quando Bolsonaro foi eleito). Eu fui para o governo com uma missão e fizemos uma grande gestão no Ministério da Justiça (...) Eu iria ficar em um governo pelo cargo e prestígio? Não. Eu fui por um projeto e não poderia me desviar, pois isso faz parte dos meus princípios e valores.
Moro ressaltou que tem muito orgulho da sua carreira e destacou seus feitos diante da Operação Lava-Jato, além de destacar que a corrupção prejudica tanto a politica quanto a economia. Entre seus trabalhos no ministério, Moro ressaltou a redução de 19% nos homicídios no Brasil.
Estabilizar a economia
Moro também disse que uma de suas prioridades é "estabilizar a economia e a inflação", pois segundo ele, um dos motivos do descontrole é a falta de credibilidade fiscal que foi abalada no atual governo. Ao ser questionado a respeito do furo do teto de gastos, reforça que sua posição econômica é liberal, mas que isso não significa "abandonar políticas sociais".
— Nós precisamos ter programas de transferência de renda, como o Bolsa Família e atualmente o Auxílio Brasil, não tem problema. Só que quando se fala com especialistas na área e eu tenho falado com os maiores, eles me dizem o seguinte: "você tem que ter uma abordagem diferente, com caráter mais individual". Às vezes a pessoa está presa na armadilha da pobreza por uma questão de saúde ou falta de educação profissional.
Moro também destacou que está conversando com os melhores especialistas nas principais áreas de gestão, mas não revelou os nomes que poderão se aliar ao Podemos ainda por conta de que as pessoas "perdem o sossego" quando acabam saindo na imprensa.
O primeiro pré-candidato ouvido pelo Gaúcha Atualidade foi Luiz Felipe D'Avila do partido Novo. Na última terça-feira (30), o programa entrevistou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).