Em uma cerimônia que lotou de prefeitos e gestores municipais o Salão Negrinho do Pastoreio do Palácio Piratini, o governador Eduardo Leite anunciou o programa Avançar na Agropecuária na tarde desta quinta-feira (2). Inicialmente, o mandatário saudou a aprovação do projeto do teto de gastos na Assembleia Legislativa, nesta semana, que limitará os custos da máquina pública pelos próximos 10 anos e colabora para o aporte dos recursos no setor agrícola. Foram anunciados investimentos de R$ 275,9 milhões até o final do próximo ano.
Entre as áreas abrangidas pelo programa, estão irrigação — que contará com o maior aporte, de R$ 201 milhões —, agricultura familiar, monitoramento de eventos climáticos e cisternas. Com uso de máquinas do Estado, a meta é construir 1,5 mil cisternas, além de açudes em propriedades rurais. Também deverão ser montadas estações meteorológicas para fornecer previsões climatológicas em tempo real.
— Esse programa representa, até o final do ano que vem, o dobro do que foi investido nos último 10 anos na agricultura com recursos próprios do governo. São recursos que farão diferença na produtividade da lavoura, nos protegendo das condições climáticas — destacou o governador.
Para a agricultura familiar, serão destinados R$ 30,3 milhões para aquisição de máquinas e equipamentos. Também serão destinados cerca de R$ 5 milhões para agroindústrias, com a contratação de financiamentos de até R$ 10 mil.
Já em termos de escoamento da produção, com R$ 39,2 milhões, deverão ser realizados acessos asfálticos a municípios do interior do Estado.
— É fundamental investir no futuro dos jovens que vão ficar no campo. A sustentabilidade e a renda dos produtores, com segurança hídrica, são fundamentais — disse a secretária da Agricultura, Silvana Covatti.
Investimento na irrigação
Depois de um ano com perdas na safra 2019/2020 de grãos, o programa de irrigação vai permitir auxílio com recursos para financiamento na instalação de projetos para melhorar a irrigação nas propriedades.
Conforme o secretário-adjunto da Agricultura, Luiz Fernando Rodrigues Júnior, o Departamento de Política Agrícola da Secretaria da Agricultura e Pecuária vai analisar os projetos de irrigação submetidos pelos agricultores para pequenas áreas. Com isso, já há linhas de crédito disponíveis, e o governo vai ingressar com uma parcela de 20% do valor do financiamento, no limite de até R$ 15 mil.
— Agora entendemos que a secretaria participe quando o projeto esteja concluso porque o agricultor precisa dos recursos para viver. Depois, a lavoura irrigada se paga — afirmou o secretário-adjunto.
Foram anunciados R$ 173,7 milhões subvencionados para reservas de água no campo, com previsão de 6 mil açudes, 750 poços artesianos com outorga, bombas e redes de água e 1,5 mil cisternas.
Contudo, o deputado Elton Weber (PSB) espera que o governo avance e complemente o programa com novas medidas ausentes no anúncio.
— Aguardamos ainda um programa de recuperação de solo, fundamental para a produtividade no campo, uma demanda enfatizada pela Fetag (Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar) — ressaltou ao final da cerimônia.
Um levantamento realizado pela Rede Técnica de Cooperativas (RTC) do Estado, com 20 das 31 associadas, reforça o cenário de prejuízo projetado para as lavouras de milho já plantadas. A razão é a falta de chuvas no Rio Grande do Sul. A pesquisa apontou que, no sequeiro, as perdas médias na produtividade são de 29,4%, mas podem ultrapassar 80%.