A proposta do governo do Estado que prevê aumento de 32% para os professores da rede estadual não repercutiu bem para parcela significativa da categoria. O Cpers Sindicato criticou o projeto do Palácio Piratini, apresentado em duas reuniões. Uma delas foi com os deputados da base aliada; outra, com representantes da entidade sindical na manhã desta quarta-feira (8).
A proposta respeita a correção de 31,3% sobre o novo piso do magistério, e prevê elevação de 32% em todos os níveis do plano de carreira, porém sem uniformidade entre os profissionais da educação. O reajuste previsto elevaria o salário de entrada no Rio Grande do Sul de R$ 3.030 para R$ 4 mil (nível A3) para jornada de 40 horas semanais. No entanto, o aumento não será linear.
A presidente do Cpers, Helenir Schürer, afirmou que a categoria é contra a proposta do governo. Ela destaca que haverá injustiça com os professores aposentados, assim como parcela significativa dos educadores não receberá qualquer aumento em seus proventos:
— Ao longo de toda a nossa campanha salarial deste ano, dissemos ao governo com clareza o que queremos: reajuste igual para todos. Hoje fomos surpreendidos com a notícia da Zero Hora sobre a proposta, que é indecente e mexe naquilo que não pode ser mexido, que é a parcela de irredutibilidade.
A dirigente acrescenta ainda que a posição do sindicato já foi colocada ao governo e que a categoria está se mobilizando para um ato no dia 14 deste mês, a fim de pressionar os deputados a não aprovarem o texto.
A proposta do governo alinha o aumento médio para os professores que estão em sala de aula em 22,5%, o que supera as perdas inflacionárias acumuladas em 2019 e 2020, mas não supre as perdas de 2015 a 2018. O último reajuste geral para os docentes foi concedido em 2014, o que representa um acúmulo de 51,3% em perda salarial.
Schürer reforça que a categoria reivindica aumento de 32% para todos, indistintamente. O projeto do Piratini exclui não somente os aposentados, mas também os funcionários das escolas.
Conforme o Cpers, quanto mais antigo e com maior tempo na carreira, menor será o reajuste, penalizando os educadores mais experientes. De acordo com o texto elaborado pelo governo, quem ingressar na carreira terá um piso mais elevado, mas parcela significativa dos profissionais com adicionais por tempo de serviço ou avanços não terão aumento sobre esses valores, resultando em até 33 mil docentes em sala de aula que não receberão os 32% referentes ao novo piso nacional do magistério.
No Rio Grande do Sul, são aproximadamente 60 mil professores em atividade e 100 mil inativos. Os inativos ficam com 69% da massa salarial. Pela proposta, a média de reajuste dos inativos será de 6,15%, sendo que 30% não terão qualquer reajuste.