O balanço ilustrado da visita a 186 escolas estaduais de 60 cidades gaúchas, apresentado nesta quarta-feira (2) pelo Cpers, deve ser visto pela secretária da Educação, Raquel Teixeira, e pelo governador Eduardo Leite como uma contribuição inestimável do sindicato dos professores. Sem ironia. Porque embora se saiba que a intenção do sindicato é desgastar o governo, trata-se de um serviço de utilidade pública: a sociedade que paga impostos tem o direito de conhecer o que é feito e o que se deixa de fazer com seu dinheiro.
O governo não desconhece que há escolas deterioradas. Recuperar prédios com problemas como os apontados pelo Cpers é um dos pilares do programa Avançar na Educação. O problema é a demora para fazer os consertos, sejam os de grande monta, que dependem da Secretaria de Obras, sejam os pequenos, que podem ser resolvidos pela direção da escola, com o aumento das verbas da autonomia financeira.
— O Estado ficou tanto tempo sem dinheiro que desaprendeu a gastar — diagnostica Leite, na tentativa de explicar as dificuldades de diferentes secretarias para aplicar os recursos disponíveis depois que se conseguiu chegar ao equilíbrio nas contas.
O problema de não conseguir gastar vai da falta de projetos à necessidade de refazê-los, passando pela quebra ou desistência das empresas vencedoras de licitações feitas no passado, seja para um acesso asfáltico, seja para a reforma de uma escola.
A caravana puxada pela presidente do Cpers, Helenir Schürer, percorreu mais de 17 mil quilômetros para inspecionar 186 escolas. Além de fotografar prédios com goteiras, fiação exposta, vidraças quebradas, mofo, goteiras, banheiros sem condições de uso, cozinhas imundas e salas em que é impossível ensinar, a direção do sindicato conversou com diretores e professores para saber quais são os problemas das escolas. Ouviu o óbvio: que faltam recursos humanos, os professores estão desmotivados, os problemas estruturais se avolumam.
Mais importante do que o diagnóstico é o que se fará com ele. A Secretaria da Educação deveria olhar cada página do dossiê e identificar de quem cobrar para que ao retomar as aulas, em 2022, os problemas que podem ser resolvidos estejam sanados e para os que demandam mais tempo seja encontrada uma alternativa de espaço físico. O que não se pode aceitar no ano que vem é que crianças e adolescentes sigam em aulas remotas com aproveitamento insuficiente ou sofrível porque as escolas estão sem condições de receber os alunos.
Números do dossiê elaborado pelo Cpers
- 17,8 km percorridos
- 60 cidades visitadas
- 186 escolas visitadas
- 58 das escolas visitadas com problemas estruturais graves ou de recursos humanos
- 21 escolas com falta de educadores
- 12 escolas com problemas de infiltração
- 13 escolas com problemas na rede elétrica
- 5 escolas sem luz
- 1 escola sem água
- 8 escolas com prédios ou pavilhões interditados
- 7 escolas com muro desmoronando ou já desabado
- 6 escolas com telhado quebrado
- 8 escolas com salas de aulas interditadas
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.