Em disputa pela vitória nas prévias das eleições presidenciais do PSDB, os pré-candidatos apostam no distanciamento do presidente Jair Bolsonaro e reforçam a defesa da implementação de políticas públicas, em especial no sentido de trazer segurança fiscal para o Brasil. Do ponto de vista econômico, em críticas aos governos petistas, o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio esclareceu suas políticas para o desenvolvimento do país.
— O país só vai ser um país desenvolvido se for capaz de fazer as reformas que estão atrasadas — afirmou nesta terça-feira (19), em debate organizado pelos jornais O Globo e Valor Econômico.
Em sua avaliação, no primeiro semestre do primeiro mandato, o próximo presidente deve aprovar as reformas fundamentais de olho no ajuste fiscal.
— Para mim, ajuste fiscal é tudo, é um mantra, uma religião — destacou.
Em seguida, Virgílio também declarou forte defesa por uma boa política externa brasileira. Segundo ele, a política adotada atualmente não deixa o Brasil crescer na medida que necessita.
O governador de São Paulo, João Doria, também foi questionado sobre a responsabilidade econômica brasileira e mostrou insatisfação com as emendas do relator — emendas que são uma parte do Orçamento da União cuja destinação é definida unicamente por quem relata a peça orçamentária. De acordo com o governador paulista, hoje o Executivo é "refém do Congresso Nacional".
— Nós temos que respeitar a individualidade dos Poderes. O Executivo, o Judiciário e o Legislativo, e não criar um grau de dependência, como infelizmente nós temos hoje, onde quem manda no governo é o presidente da Câmara — disse Doria. — Quem faz políticas públicas é o Executivo, por isso foi eleito pelo povo. A população elegeu Bolsonaro para ser presidente da República, e não Arthur Lira para cumprir esse papel.
No viés econômico, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, defendeu a implementação das reformas tributária e administrativa. No entanto, o gestor estadual gaúcho ponderou que, para o presidente implementar medidas, é preciso ter governabilidade.
— Tudo isso vai precisar de política, e política a gente precisa de apoio, e apoio tem que ser discutido com todos — afirmou.
Em rodada de pergunta dos jornalistas, Leite mais uma vez foi cobrado sobre o apoio a Bolsonaro e, então, teceu uma indireta ao adversário, que adotou o mote "BolsoDoria" em 2018 e chegou a viajar ao Rio de Janeiro para se encontrar com o então candidato do PSL, mas não foi recebido.
— Não fui atrás dele (Bolsonaro) para tirar foto — reforçou. — Eu não sei o que os dois aqui, Doria e Virgílio, vão fazer se perderem as prévias. Mas eu posso dizer que eu vou estar ao lado deles para fazer o país voltar para o bom senso e ao equilíbrio.
O governador gaúcho também foi questionado sobre o apoio do candidato à Presidência em 2014, Aécio Neves, desafeto de Doria, à sua pré-candidatura.
— Recebo o apoio não apenas do Aécio Neves, recebo de todo o diretório de Minas Gerais — esclareceu.
Sobre o apoio gerar algum tipo de constrangimento devido às acusações contra Neves, Leite afirmou que, como qualquer cidadão, o deputado deve prestar explicações e esclarecimentos e "ter a presunção da inocência até que tudo se julgue".
Na esteira de perguntas sobre as polêmicas que envolvem os candidatos, Virgílio foi questionado com relação às críticas que realizou a Doria no passado, as quais ele minimizou. Em 2017, em uma entrevista ao jornal El País, o ex-senador havia acusado Doria de ter transformado as prévias do PSDB em um "motel", onde pessoas se filiaram ao partido para votar nas prévias e depois abandonavam a sigla. Virgílio riu ao comentar que ele "às vezes" não se segura, mas que hoje sua impressão do governador paulista é diferente. No entanto, o ex-prefeito de Manaus não retirou suas declarações:
— Eu não retiro nada porque era o que eu sentia na hora.