A reação de João Gleverson de Oliveira, um dos intérpretes de libras (língua brasileira de sinais) da CPI da Covid, chamou a atenção nesta segunda-feira (18) durante depoimento de uma jovem de 19 anos que perdeu o pai e a mãe para a doença. Oliveira, de 33 anos, levou a mão ao resto durante a tradução e, em seguida, foi substituído pela estudante Giovanna Gomes Mendes da Silva. A cena foi transmitida ao vivo pela TV Senado (veja abaixo, a partir de uma hora e 55 minutos) e viralizou nas redes sociais. As informações são do portal G1.
Nesta segunda, a comissão ouviu familiares que perderam parentes em decorrência da covid. Giovana perdeu os pais em um intervalo de 14 dias. Órfã, ela passou a assumir a responsabilidade de cuidar da irmã de 11 anos.
— Eu, meus pais e a minha irmã éramos muito unidos, muito mesmo. Quem conhece sabe que, onde nós estávamos, estávamos juntos. Quando meus pais faleceram, a gente perdeu as pessoas que mais amava. Eu vi que eu precisava da minha irmã e ela precisava de mim. Eu me apoiei nela e ela se apoiou em mim — contou a jovem, interrompendo o pronunciamento com a voz embargada.
Esse foi o momento em que o intérprete levou a mão ao rosto e, em seguida, juntou as mãos e conversou com outra pessoa. No mesmo momento, outro intérprete de libras o substituiu. Ao portal G1, Oliveira afirmou que a sessão reuniu "histórias bem pesadas" e que, "de fato, a emoção bateu".
— Como intérprete de libras, o meu esforço é não só de transmitir para o surdo o que estão falando, mas a minha atribuição também é transmitir para o surdo a emoção que está havendo. Mas às vezes não dá para separar. A emoção é tão grande que a gente mistura a nossa com a da outra pessoa que está falando — contou.
Oliveira disse também que os intérpretes de libras costumam fazer um revezamento a cada 20 minutos, e a troca coincidiu com aquele momento do discurso:
— Está girando na internet de que o fato de eu ter colocado a mão no rosto era um sinal de que eu estava ali contendo um choro, mas foi um equívoco, não foi isso.
Oliveira é interprete em sessões do Senado Federal e afirmou que já ficou emocionado em outras circunstância, "mas nunca de forma tão aparente".
— A emoção, uma vez ou outra, acontece. Mas acho que nunca de maneira que transparecesse ou que chorasse na câmera — disse.