O empresário Otávio Fakhoury presta depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira (30) para explicar sua participação no disparo em massa de notícias falsas durante a pandemia. Fakhoury usou sua fala inicial para se defender das acusações, dizendo que não é propagador de fake news e é alvo de “campanhas difamatórias”.
— Fui acusado injustamente e caluniado como propagador fake news, sem jamais ter produzido uma única notícia falsa. Também injustamente acusado de financiador de discurso de ódio, sem jamais ter pago por qualquer matéria ou notícia — afirmou.
Fakhoury também declarou ser um “cidadão com opinião” e defensor da liberdade de expressão “para defender que os conservadores e os cristãos merecem um espaço no debate público”, disse.
Ao ser questionado sobre sua relação com o presidente Jair Bolsonaro, o empresário disse ser um “apoiador”. Negou que tenha contribuído para a campanha de Bolsonaro à Presidência em 2018 — disse apenas que fez uma doação para o PSL, partido pelo qual o presidente se elegeu.
Sobre o custeio de materiais de divulgação para a campanha de Bolsonaro, admitiu ter dado "ajuda para grupos que nada têm a ver com a campanha, que estavam imprimindo o próprio material" para propaganda eleitoral de Bolsonaro. Nesse momento, a sessão teve que ser suspensa por alguns minutos após um dos advogados do empresário contestar a condução das perguntas pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), o que gerou bate-boca entre os senadores.
O empresário obteve um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) que lhe dá o direito de ficar em silêncio em perguntas que possam incrimina-lo. Fakhoury é vice-presidente do Instituto Força Brasil, que teria intermediado a negociação de vacinas entre a Davatti e o Ministério da Saúde. O empresário também está no inquérito da Polícia Federal que investiga atos antidemocráticos no ano passado.
O empresário confirmou que financiou os custos para que o Instituto Força Brasil existisse, a pedido de Helcio Bruno, presidente do instituto e seu amigo. Fakhoury disse não conhecer detalhes da relação da Davati com o Força Brasil. A empresa americana teria tentado intermediar a venda de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca ao governo federal, em um momento de escassez de imunizantes, por meio do instituto.
A todo momento, o empresário proferiu frases negacionistas em relação à pandemia e à vacinação contra a covid-19. Fakhoury alegou “liberdade de opinião” e foi reprendido por senadores.
— Isso não é liberdade de opinião. Quando a sua opinião compromete a saúde de todos, isso não é liberdade de opinião. Isso é crime — disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), após uma manifestação contra o uso de máscaras
A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) chegou a pedir que houvesse intervenção por parlamentares da presidência da CPI a cada fala negacionista de Fakhoury.