A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid pautou para esta terça-feira (3) a análise da convocação do ministro da Defesa, Braga Netto. O pedido ainda divide os senadores do colegiado, até mesmo dentro do grupo majoritário.
A CPI retoma os trabalhos na terça, após o recesso parlamentar. A cúpula da comissão deve discutir na noite desta segunda-feira (2) a possibilidade de chamar o ministro para depor.
Braga Netto entrou em conflito com a cúpula da CPI ao assinar uma nota em conjunto com os comandantes das Forças Armadas criticando o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM). Durante depoimento do ex-diretor do Departamento de Logística em Saúde do Ministério da Saúde Roberto Dias, Aziz afirmou que o "lado podre das Forças Armadas" estava envolvido em "falcatruas" do governo.
A insatisfação dos senadores cresceu ainda mais após o jornal O Estado de S. Paulo relevar que o ministro teria condicionado, por meio de um interlocutor, a realização das eleições ao voto impresso. O militar nega a acusação.
No âmbito da CPI da Covid, senadores querem coletar informações do período em que Braga Netto chefiou a Casa Civil, entre fevereiro de 2020 e abril deste ano. A comissão quer apurar se houve pressão sobre o Ministério da Saúde para fechar contratos que viraram alvo da CPI, entre eles o da compra da vacina indiana Covaxin.
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), autor do requerimento para convocar o ministro, justificou o pedido para detalhar a atuação do militar na pandemia. O presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, durante depoimento na comissão, apontou atuação de Braga Netto na tentativa de mudar a bula da cloroquina, medicamento sem eficácia comprovada contra o coronavírus. O incentivo ao chamado tratamento precoce, na contramão de evidências científicas, é uma das linhas de investigação que colocou o presidente Jair Bolsonaro na mira da CPI.