O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira (8) que o presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), desviou R$ 260 milhões do Amazonas. A afirmação baseia-se na investigação do Ministério Público na Operação Maus Caminhos, deflagrada em 2016 para apurar desvios na área da Saúde no Estado. O parlamentar é um dos suspeitos de participar do esquema, mas nunca foi condenado. Durante sessão da CPI, Aziz respondeu ao presidente, negando a acusação.
O presidente fez a declaração enquanto se defendia novamente das suspeitas de superfaturamento na compra de doses da vacina indiana Covaxin. Citou parâmetros técnicos do Ministério da Saúde e os trabalhos de órgãos de controle como impeditivos à corrupção na aquisição dos imunizantes.
— A Controladoria-Geral da União, que tem um ministro à frente dela, faz um pente-fino na maioria dos contratos. E depois ainda tem o Tribunal de Contas da União. Como é que você vai fazer uma sacanagem dessa? Só na cabeça de um cara que desvia do seu Estado R$ 260 milhões, como o Omar Aziz desviou, que pode falar isso — disparou o presidente em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.
Irritado, Aziz desafiou o presidente a encontrar um processo em que ele seja réu, e ainda indagou por que Bolsonaro não se manifestou até agora sobre as acusações do deputado Luis Miranda (DEM-DF) sobre a compra da vacina Covaxin.
Aziz afirmou que o comando do colegiado enviará nesta quinta uma carta ao chefe do Executivo cobrando uma posição sobre as alegações de Miranda.
— O senhor está perdendo a oportunidade. Já são 12 dias. É só uma resposta... O senhor, como chefe desta grande nação, por favor, diga para a gente que o deputado é um mentiroso. Diga à nação brasileira que Miranda está mentindo e que seu líder na Câmara (deputado Ricardo Barros) é um homem honesto — afirmou Aziz, pedindo ao presidente que declarasse apoio a Ricardo Barros (PP-PR), acusado de estar envolvido no suposto esquema.
O senador disse que nunca acusou Bolsonaro de genocida ou ladrão, mas sim de ser contra a ciência e contra a vacina, o que é público e está claro para todos. Aziz também criticou o uso que Bolsonaro faz da conversa com seus apoiadores, no Palácio da Alvorada, para poder atacar adversários político.
— Sua palavra é forte e me acusa de algo que não cometi. Procure uma denuncia contra mim. Não há fatos que comprovem nada contra minha pessoa. Por isso tenho altivez de estar aqui conduzindo com equilíbrio. Quando estiver no "cercadinho" (conversando com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada), pense duas vezes no que vai falar. Dê o exemplo para o bem do Brasil — concluiu o parlamentar.
Voto impresso
Ainda em conversa com os apoiadores, Bolsonaro criticou os trabalhos da comissão por não se restringirem a um único tema. Afirmou que o relator do colegiado, senador Renan Calheiros (MDB-AL), é alvo de 17 inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro.
— A CPI era CPI da cloroquina, virou CPI do ministério paralelo, CPI do orçamento secreto publicado no Diário Oficial da União — afirmou.
Em seguida, o presidente, questionado por um apoiador, voltou a defender o voto impresso. Dessa vez, aventou a possibilidade de não haver eleições, caso a alteração do sistema eleitoral não ocorra.
— Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não fazemos eleições — reforçou.