A CPI da Covid antecipou para esta quinta-feira (1º) o depoimento de Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da Davati Medical Supply. Ele reafirmou a declaração dada ao jornal Folha de S.Paulo, de que recebeu pedido de propina de US$ 1 por dose para assinar contrato de venda de vacinas AstraZeneca ao Ministério da Saúde.
— O pedido da majoração (propina) foi exclusivamente do Roberto Dias — declarou.
A propina teria sido pedida pelo então diretor de Logística da pasta, Roberto Ferreira Dias, que foi exonerado na terça-feira, após o surgimento das denúncias.
Dominguetti afirmou que tinha o consentimento da Davati para negociar com o ministério e que esteve na pasta três vezes para tratar de venda de vacinas. Segundo o depoente, ele comunicou o suposto pedido de propina ao procurador da Davati no Brasil, Cristiano Alberto Carvalho.
Dominguetti afirmou que relatou o suposto pedido de propina a um coronel da Polícia Militar de Minas Gerais. Esse coronel, identificado como Romualdo, teria acionado o gabinete do deputado Cabo Junio Amaral (PSL-MG), aliado do presidente Jair Bolsonaro. O coronel não retornou ao pedido, segundo ele.
O ponto mais polêmico do depoimento girou em torno de um áudio apresentado por Dominguetti relacionando o deputado Luis Miranda (DEM-DF) a uma suposta negociação de vacinas. Miranda e o irmão, servidor do ministério, denunciaram à CPI, na semana passada, que haveria irregularidades no contrato para compra da vacina indiana Covaxin pelo governo, fato que teria sido informado a Bolsonaro em março.
Após exibir o áudio, o depoente entregou o aparelho celular à comissão, a pedido do relator da CPI, Renan Calheiros. O presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), convocou Miranda para voltar a depor na próxima terça-feira (6), sem sessão secreta:
— Se o deputado Luis Miranda estiver envolvido com maracutaia, se ele pegou pernada, isso é problema dele, não é nosso. Não tem que proteger ninguém aqui não.
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) informou que Miranda registrou em cartório todo o diálogo e mensagens que comprovam que a conversa é de 2020 e trata-se de luvas. Vieira pediu a prisão do depoente, e o pedido foi negado por Aziz, que ressaltou a necessidade de realizar acareação.
Dominguetti disse que recebeu o áudio exibido na CPI de Cristiano Alberto Carvalho e que entendeu que teria relação com negociação de vacinas.