Em visita a Chapecó (SC), o presidente Jair Bolsonaro causou aglomeração na manhã deste sábado (26) ao promover, sem máscara, mais uma motociata com centenas de apoiadores pelas ruas da cidade, levando na garupa o prefeito, João Rodrigues (PSD), também sem máscara.
O evento teve início pouco depois das 9h. O comboio foi até Xanxerê, a cerca de 40 quilômetros do município, e retornou. A motociata foi transmitida pelas redes sociais do presidente:
Bolsonaro chegou de helicóptero e estava acompanhado de um dos filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
O presidente chegou a Chapecó na sexta-feira (25). Além de visitar o clube Chapecoense, ele discursou em um auditório lotado de empresários, em um evento com a participação do prefeito.
Os apoiadores de Bolsonaro têm organizado passeios de motocicleta ao longo dos últimos meses. O presidente já participou de motociatas em Brasília, no Rio e em São Paulo — onde foi multado em R$ 552,71 por não usar máscara.
"Tapetão por tapetão, sou mais o meu", diz presidente sobre STF
Bolsonaro reforçou na sexta-feira ataques a instituições democráticas, em especial ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à imprensa. Durante discurso a empresários de Chapecó, Bolsonaro citou a decisão do STF de garantir que governadores não sejam inquiridos pela CPI da Covid no Senado e disse ser "inacreditável" o que acontece na Corte. As afirmações do presidente foram aplaudidas pela plateia com gritos de "Fecha! Fecha!".
Sem citar o nome do ex-presidente, Bolsonaro afirmou que "tiraram da cadeia" Luiz Inácio Lula da Silva para que ele seja presidente do Brasil. No lugar de se referir pelo nome, Bolsonaro gesticulou com a palma da mão aberta, com exceção do dedo mindinho dobrado.
— Tiraram ele da cadeia, tornaram ele elegível, com toda certeza, para ser presidente na fraude. Com esse critério eletrônico que está aí, ele pode chegar — afirmou Bolsonaro, que voltou a defender o voto impresso. — Tapetão por tapetão, sou mais o meu — completou, dizendo que só Deus tiraria ele do cargo.
Segundo pesquisa Ipec, divulgada na sexta, se as eleições presidenciais fossem realizadas hoje, Lula ganharia em primeiro turno, com 56% dos votos válidos contra 26% de Bolsonaro.
O presidente também reforçou o compromisso de campanha de encaminhar a indicação para o STF de um evangélico. O mais cotado para a vaga a ser aberta em 12 de julho, com a saída do decano Marco Aurélio Mello, é o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), André Mendonça.
— Lógico, além de evangélico, esse sim, dono de um notório saber jurídico — disse. — Alguns apareceram como candidatos. Boas pessoas. Eu vou indicar para o Supremo quem toma cerveja comigo. É o critério da confiança, da lealdade mútua. Não basta ter bom currículo. É importante, mas tem que falar a minha linguagem. Quero que defendam no Supremo as questões econômicas e as questões familiares.
Discurso
Após o encerramento da motociata, Bolsonaro falou para apoiadores, repetindo elementos do discurso proferido no dia anterior. Neste sábado, comentou sobre as eleições de 2022 e criticou a CPI da Covid e as medidas de combate à pandemia.
— Desde o começo, falei que tínhamos dois problemas, o vírus e o desemprego. Eu fiz a minha parte, não fechei um botequim sequer. Eu não decretei lockdown, muito menos toque de recolher — afirmou, sob aplausos da multidão.
O presidente afirmou também que a CPI é composta por sete "pilantras" que não querem investigar "quem recebeu" o dinheiro, apenas "quem mandou".
Em relação às eleições do próximo ano, ressaltou o compromisso com o voto auditável:
— Tem eleições no ano que vem e, se Deus quiser, com o apoio do parlamento, com voto auditável. Vamos botar um fim, no mínimo, na sombra da fraude que deve acontecer, com toda certeza, a cada eleição.
Em seu discurso, Bolsonaro afirmou ainda que acompanha a "desgraça em que se transformou a querida Venezuela" e compartilhou seu temor de que o mesmo aconteça na Argentina.
— Peço a Deus que não tenhamos que colocar no Rio Grande do Sul uma operação de acolhida para os nossos irmãos — disse.
Por fim, garantiu o fim do pedágio para motociclistas em novas concessões de pistas pelo Brasil.
— Nós vamos até o final, porque eu sou "imbrochável" — concluiu.