O presidente Jair Bolsonaro, o filho dele, deputado federal Eduardo Bolsonaro, e o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes, foram autuados pelo governo do Estado de São Paulo na manhã deste sábado (12) por estarem sem máscara durante aglomeração para um passeio de moto com apoiadores políticos, chamado de “motociata”.
Eles foram notificados após flagrantes das equipes de Saúde e Segurança Pública de São Paulo. Pela inobservância de norma de combate e prevenção à covid-19, a autuação alcança o valor de R$ 552,71 para cada um dos três. O uso de máscara é obrigatório em São Paulo desde maio de 2020.
O episódio ocorre dias após Bolsonaro ter afirmado publicamente que o seu governo avalia desobrigar o uso de máscaras por pessoas que estão vacinadas e que já contraíram o coronavírus. A medida, ainda hipotética, é vista como temerária por especialistas, que destacam a relevância da proteção em momento ainda crítico da pandemia para conter a transmissão.
O passeio de moto reuniu milhares de apoiadores de Bolsonaro na manhã deste sábado. O ato seguiu pela Marginal do Tietê até a Rodovia dos Bandeirantes. Depois, rumou para o Ibirapuera. A Rodovia dos Bandeirantes teve o tráfego interditado para veículos entre os quilômetros 14 e 61. Pelo Twitter, a Polícia Militar de São Paulo registrou um acidente no comboio. Uma ambulância foi acionada, conforme a PM.
Após o passeio, Bolsonaro discursou diante de milhares de apoiadores do Ibirapuera. Ele criticou medidas de distanciamento social e elogiou a PM.
— Vocês são auxiliares das Forças Armadas. Tenho certeza que, no cumprimento da lei e da ordem, pelo cumprimento dos dispositivos constitucionais, nós estaremos juntos, aconteça o que acontecer — afirmou o presidente, conforme a Folha de S. Paulo.
Ele também criticou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), seu adversário político.
— Quando vamos no artigo 5º da Constituição, que é o capítulo das cláusulas pétreas, entre as dezenas de incisos, encontramos o direito ao trabalho, coisa que o governador de vocês retirou — afirmou.
O presidente voltou a defender o chamado "tratamento precoce", sem eficácia contra a covid-19, conforme estudos científicos, e salientou não ter determinado o fechamento de igrejas durante a pandemia. Também citou novamente a ideia de criar uma regra para dispensar o uso de máscara. Os apoiadores, durante a manifestação, responderam com coros como "Fora, Dória" e "Eu autorizo".
Durante o passeio de moto, o presidente utilizou um capacete do modelo “coquinho”, conforme informação do Estadão. Esse tipo de equipamento não protege o maxilar e não possui viseira. Seu uso é proibido por resolução do Conselho Nacional de Trânsito. É considerada infração grave sujeita a multa.
No último dia 28, Bolsonaro participou de ato semelhante no Rio. É cogitado que uma “motociata” ocorra em Porto Alegre, nas próximas semanas, com apoiadores do presidente, que, conforme pesquisas recentes, enfrenta momento de baixa popularidade. Em levantamento da XP/Ipespe divulgado nesta sexta-feira (11), 50% dos entrevistados consideraram a administração do governo federal ruim ou péssima. É o pior índice de Bolsonaro desde o início do mandato, junto de maio de 2020.
Operação de segurança custa mais de R$ 1,2 milhão aos cofres públicos
A Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo anunciou que foram gastos mais de R$ 1,2 milhão com o reforço do policiamento em função do passeio motociclístico. Foram escalados mais de 6,3 mil policiais, dos quais 1.433 atuaram na fruição dos manifestantes ao longo do percurso de 129 km.
"A ação contou ainda com dedicação exclusiva de 5 aeronaves, 10 drones e aproximadamente 600 viaturas, entre motos, carros, bases comunitárias móveis e unidades especiais. Todo ato foi monitorado pelo sistema Olho de Águia, por meio de câmeras fixas, móveis, motolink e bodycams", informou, em nota oficial, a Secretaria da Segurança Pública.
O governo paulista ainda comunicou que "todas as infrações de trânsito constatadas durante o ato realizado neste sábado (12) estão sendo lavradas e encaminhadas aos órgãos competentes".