O que foi dito no depoimento
- Alves e Zimerman iniciaram seus depoimentos, na condição de convidados, defendendo a autonomia dos médicos para aplicar medicamentos em pacientes de covid-19 mesmo que a bula não oriente essa indicação. O uso de remédios sem comprovação científica para a doença, como a cloroquina, exaltado por Jair Bolsonaro, é uma das linhas de investigação da comissão
- Os dois médicos tentaram se distanciar de vinculações políticas com o governo Bolsonaro, pontuando que colaboraram com gestões anteriores
- Alves apresentou argumentos contra especialistas que alertam para os riscos de usos dos medicamentos como a cloroquina. Com orientação do Conselho Federal de Medicina (CFM), afirmou que o uso de remédio off label — ou seja, fora da bula — não é crime e pode se mostrar eficaz
- Alves admitiu que colaborou na formulação de uma nota do Ministério da Saúde que orientou uso de medicamento à base de cloroquina ou hidroxicloroquina, associadas ao antibiótico azitromicina, desde o primeiro dia de sintomas da covid-19. O próprio ministro da pasta, Marcelo Queiroga, já afirmou que o tratamento precoce não tem eficácia comprovada, mas se recusou a tirar o documento do site do ministério
- Zimerman e Alves negaram a existência de conflito de interesse pela defesa de tratamentos com remédios não cientificamente comprovados no tratamento da covid-19
- Apesar da negativa de conflito, "nem político nem econômico", o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), interferiu e ironizou a negativa: "Não tem conflito de interesses, foram convidados pelo Weintraub (para a OEA)". Ambos os médicos foram nomeados como assessores da Secretaria de Segurança Multidimensional da Organização dos Estados Americanos (OEA), pasta comandada por Arthur Weintraub
- Alves afirmou ser "absolutamente contra" o autotratamento contra a covid-19. "Quem defende a medicina não pode defender o autotratamento ou kit covid", reforçou. Segundo ele, o acompanhamento da doença deve ser realizado com um médico
- Alves disse desconhecer o termo "kit covid" pois não é algo que faz em sua prática clínica
- Defensor do uso de medicamentos não comprovados cientificamente para o tratamento contra a covid, Alves afirmou que devem ser ouvidos todos os lados no combate à doença. Segundo ele, mesmo quando saíam estudos sobre a eficácia de corticoides no tratamento do vírus, foram tratados como charlatães por membros da sociedade médica brasileira
- Na defesa do uso de outros medicamentos, Alves ainda afirmou que a "vacina não pode ser a única estratégia usada"