Em depoimento na CPI da Covid no Senado, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello repetiu a fala da véspera e disse nesta quinta (20) que o presidente Jair Bolsonaro "nunca falou" pessoalmente com ele sobre não comprar a CoronaVac, vacina contra covid-19 produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a empresa chinesa Sinovac. Pazuello também negou que o presidente tenha interferido na compra do imunizante.
O ex-ministro disse que o contrato com o Instituto Butantan para aquisição de vacinas foi assinado assim que a legislação permitiu. Ele afirmou que uma carta de intenção para compra da vacina foi elaborada em outubro e o contrato foi assinado em janeiro, após a sanção de medida provisória que autorizava a aquisição do imunizante.
Sobre o "um manda, outro obedece", uma fala Pazuello em um vídeo feito com Bolsonaro em outubro do ano passado, o ex-ministro afirmou que se tratava apenas de uma "posição de internet", que não tinha nada a ver com contratos da CoronaVac.
O vídeo tem sido apontado pelos senadores da CPI como prova de que Pazuello não teria comando total do Ministério da Saúde, e apenas atenderia às demandas do presidente, tendo inclusive atrasado a compra de vacinas do país chinês devido a questões políticas.
Apesar das falas do ex-ministro, no ano passado o presidente da República disse, na sua página do Facebook, que não compraria 46 milhões de doses da CoronaVac. O comentário ocorreu no dia seguinte ao anúncio da compra do imunizante feito pelo Ministério da Saúde.
O ex-ministro também disse que não se reuniu com empresários para tratar de compra de vacinas durante o período que administrou a pasta da Saúde.
— Posso ter recebido um CEO, posso ter recebido alguém que também é um empresário, mas para cortesia de tomar um café — afirmou o ex-ministro.