O Ministério Público do Rio afirmou na tarde desta terça-feira (22) que o esquema do "QG da Propina" na gestão do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), preso pela manhã, arrecadou mais de R$ 50 milhões durante o mandato. Esse é o valor da indenização estipulada na denúncia contra o mandatário e outras 25 pessoas por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
— Essa organização criminosa prosseguiu mesmo após duas operações de busca e apreensão, mesmo sabendo que a investigação estava em curso. Nem assim as atividades cessaram — disse o subprocurador-geral de Justiça Ricardo Martins.
Uma das fontes de arrecadação era a cobrança de um porcentual sobre restos a pagar a empresas que precisavam receber valores da prefeitura. Em troca de serem favorecidas, elas desembolsavam propina calculada em cima desses próprios valores, numa espécie de "ganha-ganha".
O esquema foi descoberto a partir da delação premiada do doleiro Sérgio Mizrahy, preso no âmbito da operação Câmbio Desligo, um dos desdobramentos da Lava-Jato fluminense. Segundo ele, o suposto QG funcionaria assim: empresas interessadas em trabalhar para o Executivo carioca entregavam cheques ao empresário Rafael Alves, um dos presos na operação desta terça-feira, que faria a ponte com a prefeitura para encaminhar os contratos. O esquema também funcionaria no caso de empresas com as quais o município tinha dívidas — aqui, o operador mediaria o pagamento.