O ex-juiz e ex-ministro da Justiça e Segurança Sergio Moro criticou, em entrevista do jornal O Globo publicada nesta segunda-feira (9), o ambiente de polarização entre esquerda e direita no país. Ao admitir que tem realizado conversas e que há uma "movimentação de pessoas com perfil de centro", Moro afirmou que deseja ter "alternativas não polarizadas" nas eleições de 2022.
— Todo mundo está conversando, mas isso não significa que vou ser candidato. Minha preocupação é com o momento atual. Essas questões eleitorais sobre o que irei fazer no futuro são meramente especulativas. O que penso é que essa polarização de hoje obscurece os debates reais que temos que realizar. É meu desejo, como o de muita gente, que, em 2022, tenhamos alternativas não polarizadas. Qualquer candidato que apele para o discurso de ódio não é um bom candidato — disse.
Moro também falou sobre o recente encontro que teve com o apresentador Luciano Huck sobre a próxima eleição, daqui a dois anos. Segundo ele, os dois conversaram "apenas sobre o Brasil, o cenário, mas não existe nada pré-determinado".
— Várias pessoas podem ser bons candidatos de centro, como o próprio Luciano Huck, o (governador) João Doria, o ex-ministro (da Saúde) Mandetta, o João Amoêdo ou mesmo o vice Hamilton Mourão. São conversas, mas isso não quer dizer que exista algo preestabelecido.
O ex-ministro também voltou a criticar o que chamou de retrocessos no combate à corrupção no Brasil, o que, de acordo com ele, ocorre "não só por decisões de outros poderes, mas também por uma certa inação do Poder Executivo". Moro afirmou ter visto uma mudança de atitude do governo Bolsonaro sobre o tema.
— O governo tinha uma posição bastante rígida no início, em relação ao não loteamento político-partidário dos cargos públicos, por exemplo. Parece que essa política mudou sensivelmente no decorrer deste ano — declarou.