Flagrado com dinheiro escondido na cueca e entre as nádegas em operação da Polícia Federal (PF), o então vice-líder do governo Jair Bolsonaro no Senado Chico Rodrigues (DEM-RR) tem extensa carreira parlamentar e histórico de parceria com o presidente da República.
Em 2018, foi eleito o senador mais votado pelo Estado de Roraima, declarando apoio a Bolsonaro e fortalecendo a projeção de base do então candidato à Presidência. Antes de ocupar cadeira no Senado, Rodrigues foi colega de Bolsonaro na Câmara durante 20 anos. Nesta quinta-feira (15), após a repercussão do fato, Rodrigues foi destituído da vice-liderança do governo no Senado. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso ainda determinou o afastamento do parlamentar do cargo.
O senador está no rol de principais correligionários do presidente. Em suas redes sociais, é comum vê-lo ao lado de Bolsonaro e de ministros. Nas publicações, o senador cita, principalmente, a busca por apoio do governo para ações ligadas ao Estado que representa. A relação de ambos é evidenciada em dois vídeos que voltaram à tona nesta quinta-feira (15) após o escândalo envolvendo o vice-líder. Em uma das publicações, após Rodrigues citar os 20 anos de Câmara dos dois, Bolsonaro brinca:
— É quase uma união estável, hein, Chico.
No outro vídeo, Bolsonaro homenageia aliados no Dia do Soldado, no último dia 25 agosto. Ele pede que os citados fiquem de pé.
— Prezado Chico Rodrigues, aluno de Colégio Militar”, disse Bolsonaro ao senador, que foi aplaudido em seguida.
O vídeo foi compartilhado pelo parlamentar nas redes sociais com o texto: “Uma homenagem do presidente Jair Bolsonaro pelo Dia do Soldado”.
Natural de Recife, Rodrigues é engenheiro agrônomo, iniciou a vida pública em 1983, ocupando o cargo de secretário de Agricultura de Roraima. Em 1988, foi eleito vereador de Boa Vista. Dois anos depois, ganhou disputa por vaga na Câmara dos Deputados, emendando cinco mandatos consecutivos como deputado federal. Deixou o parlamento após ser eleito vice-governador de Roraima na chapa de José de Anchieta Júnior. Chegou a assumir o governo em abril de 2014 em mandato-tampão de nove meses após o afastamento do titular. Em 2014, tentou a reeleição, sem sucesso.
Chico Rodrigues foi indicado como vice-líder do governo Bolsonaro logo no início do mandato do presidente da República, em março de 2019. Cerca de um mês depois surgiu informação de que o senador havia contratado Leonardo Rodrigues de Jesus para o segundo maior cargo de seu gabinete, com um salário de R$ 22,9 mil mensais. Conhecido como Leo Índio, ele é primo dos filhos do presidente Jair Bolsonaro e pessoa de confiança do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ).
No ano passado, governistas no Senado articularam a indicação de Rodrigues para ser o relator da designação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a embaixada do Brasil nos Estados Unidos (EUA), que foi abortada na sequência.
Em 2006, Rodrigues foi apontado por reportagem do jornal O Globo como um dos parlamentares envolvidos em suspeita de mau uso de verba na Câmara. Em seu quarto mandato, o deputado foi alvo da corregedoria da Câmara por altos gastos com gasolina. Na época, ele chegou a admitir que apresentava outros gastos como sendo de combustível para receber ressarcimento. Acabou absolvido.