A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, chegou a Guaporé por volta das 11h deste sábado (3). Damares está no Rio Grande do Sul para o lançamento das atividades do Instituto Virada Feminina no Rio Grande do Sul e para o Abrace o Marajó, ação desenvolvida junto ao ministério contra o tráfico de seres humanos e o abuso sexual de crianças e adolescentes no arquipélago do Marajó, no Pará. O evento ocorre na Casa da Cultura de Guaporé.
A chegada de Damares mudou a rotina da cidade neste sábado por conta do forte esquema de segurança que a acompanha.
Antes da palestra que profere neste sábado, com o tema Abrace o Marajó, ela foi recepcionada com uma apresentação de dança folclórica gaúcha. Durante a apresentação, a ministra gravou vídeos com seu telefone celular. A imprensa não foi autorizada a acompanhar.
Damares chegou usando máscara e permaneceu protegida durante a apresentação na Casa da Cultura. Marta Lívia Suplicy, presidente nacional da Virada Feminina, estava no local e era a única sem máscara, proteção contra a covid-19.
Depois da palestra, Damares participa de uma coletiva de imprensa. Também está programado um almoço.
Coletiva
Aos jornalistas e convidados, disse que na última semana "apanhou" da imprensa, que tem cobrado dela e da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, explicações sobre o repasse de doações a ONGs aliadas à ministra. Segundo reportagem veiculada pela Folha de S. Paulo em 29 de setembro, Michelle, responsável pelo Pátria Voluntária, teria repassado, sem edital de concorrência, dinheiro de doações privadas a instituições missionárias evangélicas aliadas da ministra Damares.
— Isso é um grande preconceito religioso. Quando o Pátria Voluntária escolhe uma instituição religiosa de origem evangélica para ajudar a distribuir as cestas básicas, e essa escolha não é da cabeça da primeira-dama, ela passa por um conselho, como havia fome e emergência, escolhe-se quem está lá na ponta para ajudar. Nesse caso, por coincidência, são evangélicas. Aí, pronto: não pode porque são evangélicas. Mas não foi verba pública que foi levada para lá, era uma doação, tínhamos de levar comida lá (para as pessoas). Quem está cuidando do índio, dos ribeirinhos, dos pobres na região amazônica? São as instituições religiosas, é óbvio. Por acaso nós iríamos levar sindicatos para dar comida às pessoas na região da Amazônia? — disse.
Quando questionada para que esclarecesse o que de fato ocorreu, Damares subiu ainda mais o tom e disparou:
— Esse recurso foi pra gasolina dos barcos, aeronaves, canoas, para a logística e distribuição desses alimentos.
Damares, então, explicou o critério de escolha de instituições evangélicas para o apoio a essas ações.
— Quero lembrar que, se for assim, então a gente não vai mais poder ajudar as santas-casas no Brasil, já que elas e as casas de misericórdia no Brasil tiveram origem em um segmento religioso. Então o que eu vejo aqui, com relação à minha primeira-dama, é um preconceito à fé evangélica. A gente tem de superar isso. Daqui oito anos, segundo o IBGE, 52% da população brasileira será evangélica. Então a gente vai ficar com 52% da população que não pode fazer nada com o governo? Eu acho que esse preconceito é descabido e a gente vai ter de começar a melhorar isso — defendeu.
Durante a explicação, a ministra mostrava-se bastante incomodada com o assunto.
— Se eu professasse uma outra fé, com certeza não seria tão perseguida. Mas a gente não tem vergonha da nossa fé, não temos nada a esconder, e a gente vai continuar. Quem quiser ajudar, vem, de qualquer segmento religioso. Quem não tem religião nenhuma, venha ajudar a gente. Nesse momento, foi uma instituição evangélica quem se ofereceu pra ajudar e estava lá na ponta — finalizou.