A Polícia Federal do Rio Grande do Sul indiciou cinco pessoas por fraude na saúde pública de Rio Pardo. O indiciamento é pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro, fraude a licitação e estelionato. Trata-se de relatório parcial da Operação Camilo, deflagrada em 27 de maio, concluído nesta sexta-feira (3). Pelo menos R$ 15 milhões teriam sido desviados dos cofres públicos.
Da administração municipal, foram indiciados o ex-prefeito de Rio Pardo Rafael Barros - que renunciou ao cargo dias depois de ser preso - e o ex-procurador-geral do município Milton Schmitt Coelho. Do núcleo ligado à Associação Brasileira de Assistência Social, Saúde e Inclusão (Abrassi), terceirizada que operava no Hospital Regional do Vale do Rio Pardo, foram indiciados Edemar João Tomazeli, Carlos Alberto Serba Varreira e Renato Carlos Walter.
Os crimes apontados nessa etapa concluída da investigação teriam sido praticados entre outubro de 2016 e outubro de 2018.
Quando a operação foi deflagrada, esses indiciados e mais dez pessoas foram presas. Todos estão soltos. Ainda houve pelo menos dois desdobramentos. O relatório final vai trazer outros indiciamentos.
GaúchaZH tenta falar com os advogados dos indiciados. Ezequiel Vetoretti, advogado do ex-prefeito Rafael Barros e de Milton Coelho, se manifestou em nota sobre o assunto:
"Tradicionalmente os indiciamentos em sede da polícia federal acontecem no início das investigações e não ao final. Portanto, a divulgação do indiciamento realizada na data de hoje, possui o claro propósito de tirar o foco da notícia de concessão de liberdade para todos os investigados da operação. O indiciamento é o ato praticado pelo delegado de polícia, enquanto presidente da investigação, no qual apresenta suas conclusões. Há muitos anos, a comunidade jurídica discute a utilidade de tal ato, já que não há qualquer consequência ou efeito, pois será o agente do Ministério Público quem decidirá qual a imputação cabível. De qualquer sorte, a defesa recebe o previsível resultado das investigações com serenidade e aguarda a posição do MPF sobre o caso, ocasião em que apresentará sua defesa escrita nos autos, como manda a lei. A defesa renova aqui, de público, sua confiança nos poderes constituídos e na absolvição de seus constituintes.", afirmou.
Confira o papel de cada um dos indiciados no esquema, segundo a PF:
Rafael Reis Barros
Prefeito de Rio Pardo. Além dos desvios de recursos, PF e MP dizem que ele ordenou uma desinfecção de ruas da cidade contra o coronavírus na qual, no lugar de desinfetante, ia somente água.
Milton Schmitt Coelho
Procurador-geral do município de Rio Pardo, antes trabalhou como advogado do prefeito de Rio Pardo, Rafael Reis Barros.
Renato Carlos Walter
Advogado, foi preso em Porto Alegre. É um dos sócios da Abrassi. Também tem participação em outras duas empresas investigadas por terem sido subcontratadas.
Edemar João Tomazeli
Preso em São Paulo, aparece em documentos como sócio de uma empresa de propaganda e marketing. No entanto, investigação aponta que ele é o fundador da Abrassi. Segundo o apurado, ele teria aberto organizações sociais e repassado para terceiros. Com isso, ganharia uma comissão.
Carlos Alberto Serba Varreira
Secretário-geral do partido Solidariedade no Estado. Ele é investigado por ter sido gestor da Associação Brasileira de Assistência Social, Saúde e Inclusão (Abrassi), principal alvo da operação.