O presidente Jair Bolsonaro deve escolher em agosto o nome que assumirá em definitivo o Ministério da Saúde, pasta que é interinamente ocupada pelo general Eduardo Pazuello, afirmou nesta quarta-feira (15) o vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), ao UOL Entrevista. O general está há 60 dias no comando da pasta — ele assumiu interinamente em 15 de maio, quando o ex-ministro Nelson Teich se demitiu.
— Pazuello assumiu interinamente e está há dois meses na função. Acredito que em mais um mês, em agosto, Bolsonaro vai retornar da quarentena e analisar outros nomes — afirmou ao colunista do UOL Tales Faria e ao repórter Antonio Temóteo.
Mourão referia-se aos generais que seguem na ativa mesmo com cargos no governo, o que, para ele, não é o caso do interino da Saúde.
— O que diz a nossa legislação é que o militar da ativa, quando colocado fora da força, pode permanecer por até dois anos nessa função. Se desejar continuar, tem que ir pra reserva. Se ele (Pazuello) perde a passagem para a reserva agora, vai para o espaço. O cara tem que estar sempre apoiado — afirmou.
Em sua visão, a sociedade "tem que parar de discutir determinados assuntos de forma preconceituosa: o militar é um cidadão como outro qualquer, apenas usa farda e tem um raciocínio cartesiano".
— O Ministério da Saúde tem uns 5 mil funcionários. Tem o Pazuello e militares que não estão em funções técnicas, mas em funções ligadas às áreas de licitações, contratos e à questão da contabilidade, que é a especialidade desse pessoal — afirmou, referindo-se à experiência do general na coordenação logística das tropas nos Jogos Olímpicos de 2016 e na Operação Acolhida, força-tarefa que atuou em Roraima em 2018.
— Não acho que exista militarização — reforçou. — Nós já tivemos no passado ministros da Saúde que não eram médicos. Lembro-me aqui do nosso senador (José) Serra que nunca havia passado pela porta de um hospital sem ser como paciente. Acho que (o desempenho no cargo) depende muito mais da capacidade de gestão, de saber se escorar nos técnicos para as decisões dessa natureza.
Na última semana, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes fez duras críticas à presença de militares no Ministério da Saúde, falando em "vazio" no comando e comparando os resultados das ações de combate à pandemia do coronavírus a um "genocídio".
— O ministro Gilmar Mendes ligou para o ministro Pazuello, eles conversaram. O próprio presidente da República (Jair Bolsonaro) orientou o ministro Pazuello a que recebesse a ligação do ministro Gilmar Mendes. Considero que esse assunto está superado — disse Mourão, evitando críticas aos demais ministros do Supremo.
— Não houve um esgarçamento com o Tribunal; houve um embate com um ministro, que desceu do seu pedestal, que tem que se preservar, e não emitir determinadas opiniões sobre uma instituição de Estado usando um termo que não tem nada a ver — acrescentou, em referência à expressão "genocídio" usada pelo ministro.
— Não pode banalizar, principalmente de um ministro com conhecimento de História. A coisa ficou centrada nele, os ministros não entraram nessa briga. Passados mais alguns dias, esse assunto morre e vida que segue.https://gauchazh.clicrbs.com.br/politica/noticia/2020/07/apos-criticas-de-gilmar-mendes-bolsonaro-defende-ministro-interino-da-saude-ckcnoqeqf002f01hljjyymmpb.html