BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A Procuradoria da República no Distrito Federal denunciou Sara Giromini, conhecida como Sara Winter, sob a acusação de injúria e ameaça, crimes que teriam sido praticados de forma continuada contra o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
A ativista teve prisão provisória decretada no domingo (14). Winter está entre os líderes do grupo de extrema direita 300 do Brasil, um dos responsáveis pelas manifestações de apoio ao presidente Jair Bolsonaro nas últimas semanas em Brasília.
Presa pela Polícia Federal na segunda-feira (15) por determinação de Moraes no inquérito que apura atos antidemocráticos, ela foi transferida na tarde desta quarta-feira (17) para o presídio feminino da Colmeia, em uma cidade satélite da capital.
A defesa de Sara disse à reportagem que está analisando a denúncia para comentar o caso.
As condutas de Winter, segundo o procurador da República Frederick Lustosa, foram veiculadas em canal no YouTube e na conta pessoal do Twitter da acusada.
Na denúncia enviada à 15ª Vara de Justiça Federal de Brasília nesta terça-feira (16), Lustosa lista declarações proferidas por Winter, após ela ser alvo de busca e apreensão determinadas por Alexandre de Moraes.
"A investigada utilizou-se das redes sociais para atingir a dignidade e o decoro do ministro, ameaçando de causar-lhe mal injusto e grave, com o fim de constrangê-lo", afirma o procurador.
Alvo da operação no chamado inquérito das fake news do STF, no fim de maio, Sara Winter publicou vídeo no YouTube em que xingou com palavrões o ministro Alexandre de Moraes, ao reagir à ação da Polícia Federal que apreendeu seu celular e seu computador.
"Juro por Deus, essa era minha vontade. Eu queria trocar soco com esse filho da puta desse arrombado. Infelizmente, não posso, disse Sara sobre Moraes em vídeo nas redes sociais, afirmando que não será calada pela investigação conduzida pelo ministro.
"Pena que ele [ministro] mora em São Paulo. Se ele estivesse aqui, eu estava lá na porta da casa dele, convidando ele para trocar soco comigo", afirmou.
Na postagem, a ativista fala ainda que Moraes nunca mais encontrará paz na vida, depois de ter tomado o que ela classificou como "a pior decisão da vida" do magistrado.
"Você me aguarde, Alexandre de Moraes. O senhor nunca mais vai ter paz na vida do senhor. A gente vai infernizar a tua vida."
A bolsonarista completa: "A gente vai descobrir os lugares que o senhor frequenta. A gente vai descobrir quem são as empregadas domésticas que trabalham para o senhor. A gente vai descobrir tudo da sua vida, até o senhor pedir para sair.
Na semana passada, o procurador Frederick Lustosa foi cobrado pela corregedora-geral do MPF (Ministério Público Federal), Elizeta Ramos, para que apresentasse as providências que pretendia adotar no caso, então sob a responsabilidade dele havia duas semanas. A cúpula da PGR (Procuradoria-Geral da República), onde a apuração começou a tramitar, estava incomodada com a demora no desfecho.
Lustosa argumentou na denúncia que a conduta de Winter não afrontou a Lei de Segurança Nacional, o que poderia levá-la à prisão nesta investigação.
Ele sustentou ainda que ela não impediu nem o ministro de exercer seu trabalho nem o STF de funcionar normalmente. A atuação do MPF, segundo o procurador, considerou a mensuração da atitude de Winter.
No dia 31 de maio, a ativista liderou um protesto em frente ao STF acompanhada de manifestantes usando máscaras e carregando tochas. No sábado (13), o acampamento do movimento foi desmontado pelo governo do Distrito Federal. Winter pediu reação do presidente.
À tarde, liderados pela ativista, um grupo de 20 pessoas rompeu a área cercada no entorno do Congresso e invadiu a laje do prédio. Após ação da Polícia Legislativa, eles foram para o gramado em frente ao espelho d'água. Ela afirmou ainda que vai "acampar" no Congresso.
Na segunda-feira (15) Sara Winter foi presa em Brasília pela Polícia Federal. O mandado foi autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A prisão é temporária, válida por cinco dias.
A ativista é uma das investigadas no inquérito das fake news. A prisão, no entanto, saiu de outro inquérito, do que apura a realização de atos antidemocráticos, também sob relatoria de Moraes.