Horas depois de o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinar a quebra de sigilo fiscal de 11 aliados do governo no Congresso Nacional, o presidente da República Jair Bolsonaro reagiu nas redes sociais. Sem citar diretamente o Supremo ou o ministro, o presidente disse que não pode "assistir calado enquanto direitos são violados e ideias são perseguidas".
Ele negou que tenha tomado qualquer atitude autoritária durante o seu governo, disse que os seus posicionamentos estão alinhados com os do povo — "que é, em sua grande maioria, conservador" — e citou que quer, acima de tudo, "preservar a nossa democracia".
"E fingir naturalidade diante de tudo que está acontecendo só contribuiria para a sua completa destruição. Nada é mais autoritário do que atentar contra a liberdade de seu próprio povo. Só pode haver democracia onde o povo é respeitado, onde os governados escolhem quem irá governá-los e onde as liberdades fundamentais são protegidas. É o povo que legitima as instituições, e não o contrário. Isso sim é democracia", afirmou.
Embora não tenha sido específico em relação aos inquéritos conduzidos por Alexandre de Moraes, Bolsonaro também disse que irá tomar "todas as medidas legais possíveis para proteger a Constituição e a liberdade dos brasileiros".
"Luto para fazer a minha parte, mas não posso assistir calado enquanto direitos são violados e ideias são perseguidas. Por isso, tomarei todas as medidas legais possíveis para proteger a Constituição e a liberdade dos brasileiros", declarou.
Nesta terça, no inquérito que apura a organização de financiamento de atos antidemocráticos que pediam o fechamento da Corte e do Congresso Nacional, Alexandre de Moraes determinou a quebra do sigilo dos seguintes parlamentares:
- Daniel Silveira, deputado federal (PSL-RJ)
- Junior do Amaral, deputado federal (PSL-MG)
- Otoni de Paula, deputado federal (PSC-RJ)
- Caroline de Toni, deputada federal (PSL-SC)
- Carla Zambelli, deputada federal (PSL-SP)
- Alessandra da Silva Ribeiro, deputada federal (PSL-MG)
- Beatriz Kicis, deputada federal (PSL-DF)
- Coronel Girão, deputado federal (PSL-RN)
- José Guilherme Negrão Peixoto, deputado federal (PSL-SP)
- Aline Sleutjes, deputada federal (PSL-PR)
- Arolde de Oliveira, senador (PSC-RJ)
A decisão foi tomada em conjunto com a autorização da Operação Lume, que cumpriu nesta terça-feira mandados de busca e apreensão contra 21 alvos ligados aos atos antidemocráticos. Entre os alvos da ação estão o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), o blogueiro Allan Santos, o empresário e advogado Luís Felipe Belmonte, principal operador político do Aliança pelo Brasil, e o publicitário Sérgio Lima, marqueteiro do partido que o presidente Jair Bolsonaro tenta criar.
Os mandados foram cumpridos nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Maranhão, Santa Catarina e no Distrito Federal. Uma linha de apuração neste inquérito, segundo a PGR, busca esclarecer se os investigados se articularam com parlamentares e outras autoridades com prerrogativa de foro no STF "para financiar e promover atos que se enquadram em práticas tipificadas como crime pela Lei de Segurança Nacional (7.170/1983)".
Na segunda-feira (15), no âmbito do mesmo inquérito sobre protestos antidemocráticos, a líder do grupo armado de extrema direita 300 do Brasil, Sara Winter, foi presa após operação da PF.