Na decisão em que determinou a operação contra aliados do governo do último dia 16, o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no STF, afirmou que indícios confirmam a "real possibilidade de existência de uma associação criminosa" na mobilização dos protestos pelo fechamento do Congresso e do Supremo. O ministro tirou nesta segunda-feira (22) o sigilo de seu despacho.
Em uma das frentes de investigação do inquérito que apura a participação de bolsonaristas em atos antidemocráticos, a Procuradoria-Geral da República (PGR) suspeita que bolsonaristas responsáveis por canais nas redes sociais lucraram mais de R$ 100 mil com a divulgação de atos antidemocráticos. Há indícios de que os investigados disseminaram "mensagens apelativas" em redes sociais em busca de dinheiro. Com isso, podem ter lucrado mais de R$ 100 mil.
Quatro deputados federais do PSL, todos da ala bolsonarista do partido, estão no radar da Procuradoria por repasses de valores à empresa Inclutech Tecnologia da Informação. A reportagem levantou que os quatro usaram a cota parlamentar a que têm direito pelo exercício da atividade legislativa para transferir R$ 58,1 mil para a empresa neste ano.
Ainda de acordo com o inquérito da Procuradoria, em outra linha de apuração, sites bolsonaristas podem ter lucrado com a transmissão de atos que tiveram a participação do presidente. O vice-procurador-geral da República menciona no inquérito que sites com publicações favoráveis ao governo podem ter faturado dinheiro.
Ao autorizar a operação do último dia 16, Moraes afirmou que o grupo é financiado por diversas formas por empresários. "Ressalte-se, também, que toda essa estrutura, aparentemente, estaria sendo financiada por empresários que, conforme os indícios apresentados atuariam de maneira velada fornecendo recursos das mais variadas formas , para os integrantes dessa organização".
Ele também citou que a PGR indicou a estruturação da associação criminosa, que seria formada por quatro núcleos, intitulados "organizadores e movimentos", "influenciadores digitais e hashtags", "monetização" e "conexão com parlamentares".Diante dos indícios, os pedidos da procuradoria para avançar nas investigações tornaram-se "imprescindíveis", segundo o ministro.
O magistrado mencionou, ainda, afirmação da PGR de que elementos apontam para formação de uma "rede estruturada de comunicação virtual voltada tanto à sectarização da política quanto à desestabilização do regime democrático para auferir ganhos econômicos diretos e políticos indiretos".
Moraes amplia a quebra de sigilos fiscal e bancários para além dos alvos da operação. Segundo o ministro, as quebras se estendem "às pessoas físicas e jurídicas vinculadas às originalmente atingidas e que tenham participado diretamente de transações econômicas, financeiras e patrimoniais suspeitas com as últimas, como forma de possibilitar o perfeito entendimento do ato praticado bem com sua extensão e relevância para o processo investigativo".