Alvo frequente dos apoiadores de Jair Bolsonaro, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), negou nesta quarta-feira (6) fazer obstrução ao país e defendeu o direito do governo de negociar com o centrão para montar base no Congresso.
Maia fez as declarações após se reunir, no final da tarde, com os ministros Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).
O deputado afirmou que a reunião com os generais foi "ótima" e que tem boa relação com ambos. Segundo ele, a visita teve como objetivo "trocar ideias sobre a pauta e sobre a conjuntura do momento".
Maia negou que atue para retaliar projetos do governo na Câmara.
— Eu não faço obstrução ao país — disse.
—As pautas do governo que têm urgência e que estão colocadas e que atendem às demandas da sociedade, principalmente no enfrentamento ao coronavírus, que sejam na área de saúde, da renda e do emprego, a Câmara tem pautado.
O deputado relativizou a aproximação de Bolsonaro com partidos do centrão para compor base do governo no Congresso.
Siglas como PP, PL e Republicanos estão negociando a distribuição de cargos do governo para atrair partidos menores para a base de apoio do presidente.
Eleito com a promessa de acabar com o que chama de "velha política", baseada no toma lá, dá cá, o presidente iniciou nas últimas semanas conversas com líderes do bloco.
— Se um partido quer defender o governo, é um direito democrático dele — disse.
—Isso não muda a minha relação com partidos e com o governo. É legítimo que o governo queira montar a base com qualquer um dos partidos que tenha representação na Câmara dos Deputados.
Maia afirmou ainda que, se o governo tiver uma base, facilita seu trabalho como presidente da Câmara.
— Muitas vezes fui obrigado a cumprir um papel de articulador das maiorias. Um papel que não é do presidente da Câmara. Um papel que é do líder do governo e dos partidos que fazem parte do governo.
Sobre a mesa de negociações estão cargos de segundo e terceiro escalão da máquina federal, postos cobiçados por caciques partidários para manter seu grau de influência em Brasília e nos estados.
Em troca, eles oferecem apoio para aprovar projetos do governo e, principalmente, evitar a abertura de um possível processo de impeachment contra Bolsonaro.
Para se ver fora da cadeira presidencial, Bolsonaro precisa ter ao menos 342 dos 513 deputados contra ele.
Cargos que Bolsonaro negocia dar
- Porto de Santos
- Banco do Nordeste
- Codevasf (Companhia de Desenv. dos Vales do São Francisco e do Parnaíba)
- FNDE (Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação)
- Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas)
- Funasa (Fundação Nacional de Saúde)
- secretarias do Ministério de Desenvolvimento Regional, entre outros