O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o uso de remédios a base de cloroquina e hidroxicloroquina para pacientes com covid-19. Em transmissão de vídeo em rede social na noite desta quinta-feira (9), ele utilizou uma frase dita pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, como metáfora para troca de entendimento sobre as instruções do Ministério.
— O médico não abandona o paciente, mas o paciente troca de médico — disse, e explicou:
— Se você visita o médico e a receita dele não dá certo, você tem todo o direito de trocar de médico.
Na segunda-feira (6), quando disse em entrevista coletiva que ficaria no ministério, Mandetta proferiu a seguinte frase:
— Vamos continuar porque, continuando, vamos enfrentar nosso inimigo. Nosso inimigo tem nome e sobrenome: covid-19. Temos uma sociedade para lutar e proteger. Médico não abandona paciente. Eu não vou abandonar — declarou.
O Ministério da Saúde aguarda que o Conselho Nacional de Medicina analise os resultados dos testes com cloroquina contra covid-19 que são feitos em laboratórios brasileiros. O presidente reconheceu que ainda são necessários estudos, mas manifestou sua vontade de que conclusões, mesmo que preliminares, aconselhem o amplo uso da medicação.
— Não podemos esperar. Tem que ir tentando porque quem tá infectado não pode esperar. A grande maioria vai morrer — pediu.
Os medicamentos à base de cloroquina e hidroxicloroquina são estudados em seis dos nove ensaios clínicos que estão em andamento no Brasil para avaliar alternativas contra a covid-19. Nesta quarta, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, se mostrou mais uma vez cauteloso quanto ao uso de remédios à base de cloroquina. Mandetta diz que os resultados dos testes serão avaliados pelo Conselho Nacional de Medicina e solicitou um posicionamento do órgão até o próximo dia 20.
"Duas doenças, o vírus e o desemprego"
O presidente da República, mais uma vez, se posicionou contrário às medidas de contenção da mobilidade social. Ele acredita que pessoas com menos de 40 anos poderiam estar trabalhando normalmente.
— Temos duas doenças. Uma é o vírus e a outra é o desemprego, que é terrível também -
Bolsonaro estava acompanhado na trasmissão pela intérprete de libras e o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães. Bolsonaro exibiu a caixa de cloroquina que tinha na mesa ao lado de um pote com rótulo de álcool em gel. O presidente tossiu três vezes nos 21 minutos de fala e, contrariando as recomendações da OMS, levou a mão à boca em uma delas e não utilizou o produto desinfetante nenhuma vez.
Ele também não comentou o vazamento de um áudio, publicado pela TV CNN Brasil, no qual o ministro da Cidadania Onyx Lorenzoni e o ex-ministro e deputado federal Osmar Terra sugerem a saída de Mandetta.
— Quem está esperando eu falar de Mandetta, Osmar Terra e Onyx, pode passar para outra live — brincou.