- Em entrevista coletiva, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que permanece no cargo após ser ventilada sua demissão: "Continuando, vamos enfrentar o nosso inimigo. Nosso inimigo tem nome e sobrenome: covid-19."
- Antes, o ministro levou ao presidente Jair Bolsonaro os cenários com a redução do distanciamento social, recomendando que o isolamento seja mantido até que haja oferta maior de equipamentos.
- O Brasil tem 553 mortes e pelo menos 12.056 casos de coronavírus.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou, na noite desta segunda-feira (6), que irá continuar no cargo. No início da tarde, ventilou-se a possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro demiti-lo ainda à tarde.
Nos bastidores de Brasília, circulava a informação de que o presidente trocaria Mandetta por outro médico de sua confiança e mais alinhado com suas ideias: o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS).
Bolsonaro, o vice Mourão e todos os ministros se reuniram às 17h. Por estar no encontro, Mandetta se ausentou da coletiva do dia e não participou da apresentação dos números da pandemia no Brasil.
Uma segunda coletiva, convocada pelo Ministério da Saúde para o início da noite, era cercada de incertezas. Mandetta foi recebido por secretários e servidores com aplausos na sala onde faria seu pronunciamento.
— Vamos continuar porque, continuando, vamos enfrentar nosso inimigo. Nosso inimigo tem nome e sobrenome: covid-19. Temos uma sociedade para lutar e proteger. Médico não abandona paciente. Eu não vou abandonar — declarou Mandetta.
O ministro afirmou que teve uma reunião "muito produtiva" com o governo, mas declarou que reiterou a necessidade do isolamento social e mostrou incômodo com as críticas que "trazem dificuldade" ao ambiente.
Bolsonaro tem contestado as medidas adotadas pelo Ministério da Saúde nas últimas semanas. No domingo (5), o presidente foi mais contundente alegando que "usaria a caneta" para agir contra os integrantes do governo que estariam "se achando estrelas". Mandetta ainda não havia respondido às declarações tão frontalmente quanto o fez no pronunciamento desta segunda.
— Gostamos da crítica construtiva. O que nós temos dificuldades é quando as críticas vêm para trazer dificuldade no ambiente de trabalho. E isso não preciso traduzir, vocês todos sabem, que isso tem sido uma constante. O ministério adota uma determinada linha e termos muitas vezes que voltar e fazer contrapontos para poder reorganizar a equipe que fica em sensação de angústia — afirmou.
O médico enalteceu por três vezes as qualidades de sua equipe. Segundo Mandetta, o grupo de trabalho do Ministério é "experiente" e "preparado" para seguir lutando pela proteção da população brasileira.
Seu discurso ficou marcado não só pela motivação expressa em seu já conhecido mantra em italiano, que diz "lavoro, lavoro, lavoro" ("trabalho, trabalho, trabalho"), mas também em outros conceitos repetidos:
— Vamos fazer pela ciência. Ci-ên-cia. Não vamos perder o foco. Ciência, disciplina, planejamento, foco. Ciência, disciplina, planejamento, foco — enfatizou, explicando que é preciso cautela para apontar medicamentos alternativos.
Ele brincou com os servidores que se manifestaram a seu favor, dizendo que estavam limpando as suas gavetas e "ajudaram a limpar" as dele nesta segunda-feira.
— Aproveito para falar para todo mundo que estava pronto para protestar, bater panela: vamos trabalhar. Aqui nós entramos juntos, nós estamos juntos, e quando eu deixar o ministério, nós vamos colaborar muito para quem vem, mas essa equipe aqui vai sair junto — finalizou.