O governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite rebateu as declarações do presidente da República Jair Bolsonaro, que responsabilizou recentemente os gestores estaduais pelas mortes por coronavírus no Brasil.
— O presidente falou que as mortes estão na conta dos governadores. De fato, esta é uma conta dos governadores. Não fossem os governadores, a conta seria maior. Não fossem os governadores, teria mais mortes, infelizmente, no país - declarou Leite, durante transmissão ao vivo, onde apresentou o novo modelo de distanciamento social do Rio Grande do Sul na tarde desta quinta-feira (30).
Foram os governadores que implementaram medidas de distanciamento social nos Estados, com o objetivo de reduzir a velocidade de contaminação por coronavírus no Brasil.
— Que bom que governadores e prefeitos estão tomando conta de suas populações. Que bom que ele também tomasse conta da população. Infelizmente, as manifestações recentes dele não dão esta impressão da mesma preocupação com a vida - completou Leite, em tom de cobrança.
Após lamentar o posicionamento de Bolsonaro no enfrentamento da pandemia, o governador se mostrou esperançoso em relação ao novo ministro da saúde, Nelson Teich.
— Eu torço para que ele (Bolsonaro) se sensibilize, e torço, principalmente, para que o novo ministro (da Saúde, Nelson Teich) se aproprie rapidamente das informações para dar as respostas que precisamos - comentou, reforçando a carência de leitos, equipamentos de proteção individual (EPIs) e testes para detectar coronavírus.
As palavras do presidente
Nos últimos dois dias Bolsonaro fez declarações polêmicas sobre o número de mortos por coronavírus no Brasil. Na terça-feira (28), quando 474 óbitos por covid-19 foram confirmados em 24 horas e o Brasil chegou a 5 mil mortos, superando números da China, o presidente afirmou:
Na quarta (29), Bolsonaro tentou se retratar do "e daí?", mas culpou os governadores pelos índices de mortalidade da covid-19.
— Essa conta tem que ser perguntada para os governadores. Perguntem ao senhor João Doria, ao senhor (Bruno) Covas (prefeito de São Paulo), de o porquê terem tomado medidas tão restritivas e continua morrendo gente. Eles têm que responder. Vocês não vão colocar no meu colo essa conta — disse.