Apresentado com mais detalhes pelo governador Eduardo Leite nesta quinta-feira (30), o novo modelo de distanciamento social do Rio Grande do Sul ainda suscita dúvidas entre a população. O governo aguarda sugestões de setores e de entidades para concluir a estratégia, que deve entrar em vigor na primeira quinzena de maio.
Enquanto isso não ocorre, confira a seguir seis perguntas e respostas sobre o que já se sabe e o que ainda não se sabe a respeito das medidas.
1) Sou comerciante em Santa Maria. Como sei se vou poder manter meu negócio aberto?
Isso dependerá da classificação de risco do município quando entrar em vigor o novo modelo e das características do seu negócio. Hoje, Santa Maria teria bandeira laranja, segundo concluiu o governo do Estado a partir do cruzamento de uma série de dados. Isso significa "risco médio". Mas ainda não é possível afirmar se a sua loja poderia abrir de forma normal ou com restrições ou se teria de fechar, porque o modelo ainda não está totalmente pronto. O governo espera sugestões dos diferentes setores para detalhar os protocolos que terão de ser adotadas nas diferentes atividades. Esses protocolos é que vão dizer o que cada empresário terá de fazer, conforme a sua área de atuação.
2) E se a minha região receber bandeira vermelha, o que acontece?
Por enquanto, o novo modelo de distanciamento ainda não está valendo, mas o governador Eduardo Leite já anunciou, por exemplo, que as regiões de Passo Fundo e Lajeado (as únicas do Estado que hoje receberiam bandeira vermelha) terão o comércio obrigatoriamente fechado a partir desta sexta-feira (1°) por segurança. Os dois municípios representam atualmente os casos de maior avanço e de maior risco do coronavírus. Ainda não está claro se essa mesma medida valeria para outros municípios na faixa vermelha.
3) E se alguma região receber bandeira preta?
Hoje, nenhuma região do Estado teria a bandeira preta. Ela servirá para designar áreas de altíssimo risco, em situação grave. Nesse caso, deverá ser imposto o lockdown, isto é, fechamento geral e confinamento obrigatório, como na Lombardia (Itália).
4) Como o governo vai definir qual será a cor da bandeira de cada região?
Com base em dois critérios, com pesos iguais: propagação da doença e capacidade de atendimento, compostos por 11 indicadores. Esses indicadores incluem, por exemplo, número de novos casos de covid-19, óbitos e leitos de UTI disponíveis em cada região. Conforme o resultado desse cruzamento de dados e de cálculos matemáticos, os técnicos definirão a cor da bandeira.
5) Como sei qual seria a classificação de risco da minha região hoje?
Confira no mapa interativo a seguir:
6) Por que não tem bandeira verde?
Inicialmente, a intenção do governo era adotar as cores verde, amarelo, laranja e vermelho, mas os técnicos chegaram a duas conclusões: 1) como hoje não há nenhuma região blindada ao coronavírus e também não há a perspectiva de retorno integral à normalidade, a cor verde, por enquanto, é considerada desnecessária; e 2) os técnicos entenderam que fazia mais sentido criar uma categoria para definir a situação crítica.
7) O que garante que esse modelo vai funcionar?
Isso dependerá do rigor dos dados e da qualidade do monitoramento feito pelo Estado, do apoio dos diferentes setores econômicos e da conscientização da população. O governo argumenta que será possível adotar o modelo com segurança porque já há um histórico do comportamento do vírus no RS, uma base de dados confiáveis (incluindo a pesquisa sobre a prevalência do vírus liderada pela Universidade Federal de Pelotas) e um novo sistema de controle de leitos, envolvendo cerca de 300 hospitais.