Nesta quinta-feira (30), o governador Eduardo Leite avançou no detalhamento do novo modelo de combate ao coronavírus no Estado. Chamado de "distanciamento controlado", ou "sustentável", o método tem como objetivo a retomada gradual das atividades econômicas, da forma mais segura possível, com base em uma série de dados.
A primeira versão da proposta foi apresentada no último dia 21, mas, desde então, passou por modificações, a partir de sugestões recebidas e de aprimoramento técnico. Por exemplo: na apresentação inicial, não estavam estabelecidos os critérios de avaliação nem a divisão das regiões. Agora, isso está definido.
Ainda há pontos à espera de contribuições da sociedade. A intenção do governo é iniciar a aplicação das medidas a partir do próximo dia 6. A seguir, confira o que está previsto e como se preparar.
Como vai funcionar
O novo modelo de distanciamento adotado no Rio Grande do Sul envolverá duas dimensões: a regional e a setorial.
Os dados desses dois segmentos serão cruzados para definir o risco epidemiológico e o nível do distanciamento controlado exigido em cada local e atividade econômica.
Recorte regional
O mapa do Estado será dividido em 20 regiões (veja os detalhes no mapa abaixo).
Avaliação
As regiões serão avaliadas com base em dois critérios, com pesos iguais: propagação da doença e capacidade de atendimento, com 11 indicadores (como número de novos casos, óbitos e leitos de UTI disponíveis).
Bandeiras
A partir daí, cada região receberá uma bandeira. Haverá quatro cores possíveis: amarela, laranja, vermelha ou preta, conforme o grau de risco de cada lugar. O governo optou por excluir a bandeira verde, porque nenhuma região, no momento, está livre do coronavírus.
A cor poderá mudar, dependendo da evolução dos indicadores. A intenção é atualizar o resultado ao menos uma vez por semana, a cada sábado.
Veja como seria o mapa hoje, segundo o governo, e o que significa cada cor:
As regiões
Embora existam 30 regiões de Saúde no Estado, o governo optou por unificar algumas delas, nos casos em que a região não tinha hospital de referência com UTI. Entenda como será a divisão, delimitada no mapa acima:
- Regiões 1 e 2 - Centro-Oeste. Município mais populoso: Santa Maria
- Região 3 - Centro-Oeste. Município mais populoso: Uruguaiana
- Regiões 4 e 5 - Metropolitana. Município mais populoso: Capão da Canoa
- Região 6 - Metropolitana. Município mais populoso: Taquara
- Região 7 - Metropolitana. Município mais populoso: Novo Hamburgo
- Região 8 - Metropolitana. Município mais populoso: Canoas
- Regiões 9 e 10 - Metropolitana. Município mais populoso: Porto Alegre
- Região 11 - Missioneira. Município mais populoso: Santo Ângelo
- Região 12 - Missioneira. Município mais populoso: Cruz Alta
- Região 13 - Missioneira. Município mais populoso: Ijuí
- Região 14 - Missioneira. Município mais populoso: Santa Rosa
- Regiões 15 e 20 - Norte. Município mais populoso: Palmeira das Missões
- Região 16 - Norte. Município mais populoso: Erechim
- Regiões 17, 18 e 19 - Norte. Município mais populoso: Passo Fundo
- Região 21 - Sul. Município mais populoso: Pelotas
- Região 22 - Sul. Município mais populoso: Bagé
- Região 23, 24, 25 e 26 - Serra. Município mais populoso: Caxias do Sul
- Região 27 - Vales. Município mais populoso: Cachoeira do Sul
- Região 28 - Vales. Município mais populoso: Santa Cruz do Sul
- Regiões 29 e 30 - Vales. Município mais populoso: Lajeado
Confira em que região está o seu município e qual seria a bandeira hoje:
Recorte setorial
Definida a cor de cada região, essa classificação servirá para nortear as regras que serão adotadas para as atividades econômicas locais, divididas em 12 grupos, com 50 atividades identificadas:
- Agricultura
- Indústria da Construção
- Transporte
- Serviços financeiros, imobiliários, etc
- Educação privada
- Indústria de transformação e extrativista
- Comércio
- Alojamento e alimentação
- Administração pública
- Artes, cultura, esporte e lazer
- Serviços domésticos
- Outros serviços
Com base na bandeira da região e nas especificidades de cada setor, serão definidos critérios de funcionamento e protocolos de prevenção.
Critérios de funcionamento
O governo prevê quatro critérios:
- Operação — dirá se a atividade irá funcionar ou não
- Modo de operação — definirá se irá operar de forma normal ou com restrição
- Horário — indicará o horário de funcionamento
- Teto de ocupação — estabelecerá o número máximo de funcionários que poderão trabalhar na atividade de forma presencial
Protocolos de prevenção
O governo prevê ao menos 11 protocolos, que serão guias de como cada setor e atividade deverão agir. Eles protocolos deverão envolver:
- Uso obrigatório de máscara
- Higienização de ambientes e kits de higiene
- Informativo visível ao público e a colaboradores
- Cuidados no atendimento ao público
- Tratamento diferencial de grupos de risco
- Distanciamento entre pessoas
- Equipamentos de proteção individual recomendados e obrigatórios conforme o setor
- Afastamento de colaboradores dos grupos de risco
- Afastamento por 14 dias de casos positivos
- Monitoramento de temperatura corporal dos colaboradores
- Restrições específicas à atividade
Próximos passos
O governo pediu aos integrantes do Conselho de Crise (empresários, representantes de universidades, hospitais e entidades, chefes de outros poderes) para que enviem sugestões até 2 de maio, a respeito dos protocolos. A ideia é definir os últimos detalhes no dia 5 e iniciar a aplicação a partir de 6 de maio.