Apresentado nesta quarta-feira (29) a prefeitos e representantes de entidades empresariais, o plano de liberação gradual das atividades produtivas, batizado de “distanciamento controlado”, prevê a definição de bandeiras de quatro cores: amarelo, laranja, vermelho e preto. A divulgação das cores ocorrerá aos sábados, valendo para a semana seguinte, mas a coleta de dados será feita diariamente, para que possa ser alterada em caso de mudança brusca do quadro.
As cores serão atribuídas a regiões e setores da economia, para efeito de definição do abrandamento ou do aperto nas restrições, conforme o avanço do coronavírus, o número de mortes e a capacidade de resposta do sistema hospitalar, entre outros critérios.
O plano deve vigorar a partir de 6 de maio. O governador Eduardo Leite deu prazo até o dia 2 para que cada setor apresente sugestões ao texto.
Inicialmente, a ideia era usar as cores verde, amarelo, laranja e vermelho, mas os técnicos entenderam que fazia mais sentido criar uma categoria para definir a situação crítica, que exigirá o lockdown total, como na Lombardia (Itália). Verde saiu do radar porque significa a volta à normalidade, quando o distanciamento será considerado desnecessário.
Hoje, nenhuma região ou setor do Rio Grande do Sul estaria com bandeira preta, de restrição máxima das atividades econômicas. Lajeado e Passo Fundo, por exemplo, estariam hoje enquadrados como bandeira vermelha.
Para cada bandeira existe um protocolo específico a ser exigido de cada setor — do uso de equipamentos de proteção individual à ocupação máxima da capacidade instalada.
Até o dia 5, seguirá valendo a regra atual, que dá autonomia aos municípios para definir as restrições. Um dos maiores focos de pressão de deputados, líderes religiosos e prefeitos, tem sido o funcionamento das igrejas. Ainda não está claro se nesta quinta-feira Leite manterá o limite de 30 pessoas ou se aceitará a sugestão de pastores evangélicos de definir percentual de 25% a 30% da capacidade dos templos.
O presidente da Famurs, Dudu Freire, manifestou-se contrário à ideia de flexibilizar as restrições aos encontros religiosos. E justificou:
— Não se trata de atividade econômica essencial, nem de saúde pública. É possível a cada fiel professar sua crença sem aglomerações que colocam a vida em em risco.
Outro setor em que há forte pressão sobre o governo é o dos hospitais, que querem ampliar os procedimentos eletivos porque estão perdendo receita com a redução das consultas e das cirurgias. Os prefeitos temem que a volta da ambulancioterapia acabe por se tornar um novo fator de contaminação.
Os prefeitos também não querem a volta às aulas em maio, preocupados não só com a saúde de crianças e professores, mas com a possível contaminação dos familiares do grupo de risco.
Líder do governo na Assembleia, o deputado Frederico Antunes (PP), está preocupado com a pressão pela liberação geral do comércio:
— Muita gente ainda não se deu conta de que está brincando com fogo. As medidas que o governador vem adotando se baseiam em dados e têm como foco a preservação da vida. Não podemos colocar tudo a perder.