Para chamar atenção dos prefeitos, empresários fizeram carreatas em cidades da Região Metropolitana e do Interior nesta sexta-feira (27) pedindo a reabertura de comércios. As ações foram registradas em cidades como Novo Hamburgo, Gravataí, Caxias do Sul, Candelária, Rio Grande, Dois Irmãos, Passo Fundo, Lajeado, Canoas, Esteio, Cachoeirinha, Sapiranga, Taquara, Santa Cruz do Sul e Uruguaiana.
Em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, a mobilização terminou com concentração de veículos em frente a prefeitura. Alguns manifestantes deixaram seus carros e começaram a gritar "queremos trabalhar", ao som de buzinaço e cornetas.
Na visão da prefeita de Novo Hamburgo, Fátima Daudt, o empresariado local está dividido entre os querem a liberação imediata para retomar as atividades e os que entendem os riscos do coronavírus. O decreto municipal que prevê o fechamento do comércio está em vigor até o dia 6. Só então, esclarece a prefeita, ele será reavaliado:
— Neste momento não há possibilidade de flexibilização ainda. Nosso temor é que a saúde não consiga atender as pessoas, entre em colapso e aí sim, teremos que proibir tudo. É preciso equilíbrio e sensatez.
A indústria segue funcionando no município com orientações de higiene, embora muitas empresas tenham entrado em férias coletivas. A prefeita defende que o cenário deve ser avaliado dia a dia para evitar um pico de contágio. A cidade não tem nenhum caso confirmado, mas abriga quatro pacientes infectados de outras cidades:
— Tem muita influência política. Politizaram o vírus, mas nós vamos manter o foco na saúde.
Em Gravataí, na Região Metropolitana, onde há um caso confirmado da doença e também aconteceram mobilizações, o prefeito Marco Alba tenta reforçar ao empresariado a importância do isolamento social, obedecendo os critérios da vigilância em saúde.
— O comércio está há apenas sete dias de quarentena. Indústrias entram na segunda-feira, com algumas exceções. A importância de reabrir comércio, é óbvia. Quem vai perder muito é o próprio município — afirma.
A prefeitura estima queda de arrecadação de R$ 80 milhões nos 15 dias em que as lojas ficarão de portas fechadas. Alba não descarta flexibilizar as restrições nos próximos dias:
– Até sábado terei mais claro se vai haver alguma mudança, mas eu dependo muito do parecer técnico dos médicos. Preciso dessa avaliação. Nosso hospital tem só 12 leitos de UTI e não tem vaga esperando alguém ficar doente.
O prefeito de Caxias do Sul Flávio Cassina admite que a partir da semana vai ser estabelecido um cronograma de retomada econômica na cidade, a construção civil retornará as atividades já na semana que vem. Na quinta-feira (26), flexibilizou funcionamento de lotéricas, óticas e cartórios. Mesmo assim, a cidade também teve mobilização. A carreata ocorreu no começo da tarde desta sexta, passou pelos Pavilhões da Festa da Uva, chegando ao centro da cidade. Segundo o prefeito, a pressão é de todos os lados:
— Gradativamente vamos flexibilizando outras atividades. Não temos um estudo ideal de como seria, se vamos começar pelos pequenos, médios ou grandes. Ainda não tenho ideia de como será feito.
Sobre comércio de rua, bares e restaurantes, o prefeito considera a análise mais complexa. Na cidade, apenas farmácias, supermercados e postos de gasolina estão abertos:
— Este é um problema mais complexo, são setores que têm mais aglomeração de público. Ainda não tenho opinião formada de qual a melhor condução — confessa.
Na cidade, as duas maiores empresas do setor industrial, Randon e Marcopolo, deram férias coletivas a seus empregados, seguem funcionando empresas do setor de saúde, alimentação e transporte de cargas.
Com seis casos confirmados da doença, Caxias do Sul já recebeu a oferta de diversas entidades para abrigar doentes em caso de expansão da doença.
— A sabedoria é buscar um ponto de equilíbrio. Nossa maior missão é prevenir o contágio. Mas vamos fazer um estudo se retomaremos atividades pelo comércio, indústria ou serviços.
Na Serra, as cidades de Flores da Cunha e São Marcos anunciaram nesta sexta a retomada gradual das atividades.
*Colaborou Renata de Medeiros