SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Na disputa com os governadores em meio à crise do coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) subiu o tom neste sábado (21) e chamou o paulista João Doria (PSDB) de "lunático".
Em entrevista à CNN Brasil, o presidente afirmou que "as eleições de 2022 ainda estão longe", em referência a Doria e ao governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), postulantes à Presidência que vem criticando Bolsonaro nos últimos dias pela reação do presidente à crise.
Desde a semana passada, Doria e Witzel têm criticado o que consideram uma letargia do presidente no enfrentamento à pandemia e tem adotado posturas opostas à dele.
"Esses governadores, poucos, que me criticam o tempo todo, dizem que não tenho liderança. Digo a esses governadores: as eleições de 2022 estão muito longe ainda para vocês partirem para esse tipo de ataque, para esse tipo de comportamento de desgaste infundado em cima do chefe do Executivo federal", afirmou Bolsonaro na entrevista.
Neste sábado, o governador paulista anunciou estado de quarentena por 15 dias em São Paulo como medida de combate à pandemia, com o fechamento obrigatório de comércios, bares e restaurantes a partir da próxima terça-feira (24).
Bolsonaro criticou o tucano ao ser questionado sobre a medida.
"[Doria] é um lunático. Está fazendo política em cima deste caso. É um governador que nega ter usado o meu nome para se eleger governador, então eu lamento essa posição política dele, está se aproveitando deste momento para querer crescer politicamente."
Mais cedo, ao anunciar a quarentena em São Paulo, Doria voltou a criticar o presidente.
"Muito triste que não tenhamos no país uma liderança em condições de orientar os brasileiros, acalmar os brasileiros, tomar atitudes corretas, liderar sua equipe de trabalho para tomada tomada de decisões corretas e que atendam a expectativa da população", disse Doria.
"Na ausência dessa liderança, nós em São Paulo, outros governadores em seus respectivos estados, prefeitos e prefeitas nos municípios, estão cumprindo sua obrigação fazendo o que deve ser feito e aquilo que o presidente Bolsonaro não consegue fazer", acrescentou o tucano.
Doria afirmou que haverá uma reunião com governadores do Sudeste para tratar de assuntos relativos a essa coordenação.
Já Witzel havia dito na sexta-feira (20) que o governo federal estava "em passo de tartaruga"
"São os nossos hospitais que serão impactados, e o governo federal ainda em passo de tartaruga. Só fiz o decreto para que o governo tome ciência das medidas que precisam ser adotadas e, de uma vez, acorde", disse o governador fluminense.