Antes do horário previsto, por volta das 20h desta quarta-feira (18), um panelaço se espalhou por diversos bairros de Porto Alegre contra o presidente Jair Bolsonaro. A manifestação havia sido convocada nas redes sociais para as 20h30min, em repúdio à forma como o presidente tem se manifestado e conduzido ações para conter a pandemia de coronavírus no país. O ato ocorreu pela segunda noite consecutiva na Capital.
Na Cidade Baixa, uma projeção gigante em um edifício mostrava uma imagem do presidente, pedindo "Fora, Bolsonaro".
Alguns bairros que tiveram panelaço foram Centro, Menino Deus, Bom Fim, Petrópolis, Cidade Baixa, Santana, Rio Branco, Passo D'Areia, Praia de Belas, Tristeza e Jardim Botânico. Algumas manifestações superaram 10 minutos e contaram com explosões de fogos de artifício.
Em meio ao protesto, defensores do presidente também se manifestaram. "Vai rachar uma lenha", "Vai trabalhar, vagabundo" e "Larga essas panelas" foram algumas das palavras de ordem proferidas pelos partidários de Bolsonaro.
No Moinhos de Vento, bairro que recebe os maiores atos em favor do presidente na Capital, as manifestações contra o chefe do Executivo foram mais espalhadas, registradas principalmente em pontos das ruas Mariante, 24 de Outubro e da Avenida Goethe.
As batidas em panelas eram acompanhadas de palavras de ordem, como “fora Bolsonaro” e “fora fascistas”. Alguns motoristas que passavam pelo bairro acompanhavam os participantes do ato ao buzinar. De maneira mais acanhada, um ou outro vizinho protestava ou saía para a sacada com cara de reprovação.
Na Avenida Goethe, próximo ao cruzamento com a Rua Dona Laura, uma senhora que batia panela na janela do apartamento ganhou o apoio de um grupo de motoboys que estava estacionado no outro lado da via.
Por volta das 20h30min, depois de uma parada, o panelaço recomeçou em algumas áreas. A manifestação favorável, marcada para as 21h, foi menos intensa do que a anterior, em bairros como Menino Deus, Santana, Bom Fim, Moinhos de Vento, Centro e Azenha. Na região entre o Petrópolis e o Bela Vista, o apoio ao presidente foi mais forte.
Protestos no Brasil
Outros Estados também registraram panelaços contra Bolsonaro. Em bairros de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, moradores anteciparam a mobilização, simultaneamente a um pronunciamento do presidente anunciando medidas contra a doença. Em Copacabana, zona sul do Rio, houve gritos de "Acabou" e "Fora", além de algumas reações contrárias, como "Fora petralhas".
Reduto bolsonarista, Águas Claras, no Distrito Federal, também teve panelaço antecipado contra Bolsonaro, assim como prédios na Casa Verde, zona norte de São Paulo, e Bela Vista, na região central.
O presidente, que já se referiu à dimensão da doença como "fantasia", dizendo haver "histeria" da população, tentou reagir nesta quarta-feira, após perder apoio inclusive entre alas conservadoras.
Modulando seu discurso público, passou a reconhecer que a situação é grave, embora não tenha demonstrado arrependimento de ter participado de ato no último domingo (15), contrariando recomendação do Ministério da Saúde.
Ele disse ainda que a bateção de panelas contra ele, já ocorrida na noite de terça (17), parece espontânea, faz parte da democracia e aproveitou para tentar arregimentar apoiadores para o panelaço das 21h, a favor de seu governo.
