O senador licenciado Cid Gomes (PDT-CE) recebeu alta na manhã deste domingo (23). Ele estava internado desde quarta-feira (19) após receber dois tiros quando tentou entrar em um batalhão tomado por policiais militares em Sobral (a 270 km de Fortaleza), seu berço político, dirigindo uma retroescavadeira.
Ele ficará nos próximos dias em uma casa que tem em Fortaleza e continuará o processo de reabilitação, realizando fisioterapia respiratória e uso de antibióticos para restabelecimento da função pulmonar.
No sábado (22), Cid Gomes passou por um exame de raio-X que constatou a presença de dois projéteis alojados em seu corpo, um próximo à costela e outro no pulmão esquerdo, além de fragmento de um projétil. Por orientação médica ele não vai retirar esses projéteis.
O senador foi internado inicialmente no Hospital do Coração, em Sobral, onde passou pelos primeiros procedimentos, como drenagem de líquido do pulmão atingido –na quinta (20) ele foi transferido para um hospital particular de Fortaleza.
Inicialmente a informação era de que um dos projéteis havia saído do corpo de Cid, mas o raio-x realizado sábado constatou a presença desse segundo projétil.
Cid Gomes está licenciado do Senado desde dezembro de 2019 para articular no Ceará alianças e candidatos do PDT para a eleição municipal de outubro –ele assumiu a presidência estadual do partido. O grupo político dos irmãos Cid e Ciro Gomes comanda importantes prefeituras cearenses, como Fortaleza e Sobral.
Desde a noite de terça-feira (18), o Ceará tem batalhões tomados por policiais militares e familiares que protestam contra o reajuste salarial oferecido pelo governo do Estado.
Ao menos nove quartéis estão sob o comando dos manifestantes, que cortaram ou esvaziaram pneus de viaturas e motos. O governo decidiu suspender 167 policiais que estão sendo investigados por participação na paralisação –eles sairão da folha salarial pelo período.
O governo federal autorizou o envio de agentes da Força Nacional e do Exército para ajudar no patrulhamento das ruas de Fortaleza e da região metropolitana. Policiais civis e a guarda municipal também estão fazendo esse policiamento ostensivo, além de PMs que não aderiram aos protestos.
Da madrugada de quarta até o fim da noite de sexta, o Estado registrou 88 homicídios, média de 29 mortes violentas por dia. Em janeiro essa média foi de quase nove por dia.