A polícias da Bahia e do Rio de Janeiro tentaram prender na sexta-feira (31), em um condomínio na Costa do Sauípe, o ex-capitão da Polícia Militar (PM) Adriano Magalhães da Nóbrega, acusado de comandar a mais antiga milícia do Rio de Janeiro e suspeito de integrar um grupo de assassinos profissionais do Estado.
Ele também é citado na investigação que apura a prática de "rachadinha" no antigo gabinete do senador Flávio Bolsonaro (ex-PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj)
A operação da Polícia Civil dos dois Estados, contudo, não teve êxito no litoral baiano: Nóbrega não estava no local, só sua esposa, Júlia Melo, e duas filhas do casal, que estariam passando férias no endereço.
O ex-policial, que já foi capitão do Bope, está foragido há mais de um ano. No rol de acusações contra ele estão ter envolvimento em diversos homicídios no Rio e ser sócio no jogo de máquinas caça-níqueis. Seria chamado de "patrão" por membros da milícia de Rio das Pedras, a mais bem estruturada do Rio.
A operação foi comandada por policiais civis do Rio, com base em uma ordem de prisão expedida em 2019. Segundo a corporação policial da Bahia, uma equipe de sua Coordenação de Operações Especiais "prestou apoio a uma operação para cumprimento de mandado".
À revista Veja Júlia disse que a operação foi truculenta:
— Eles quebraram a minha porta, arrancaram o forro do teto da casa, me xingaram de puta e piranha, e botaram um fuzil na cabeça de uma criança de sete anos, perguntando: "Onde está o seu pai?".
Nesta semana, uma reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que o Ministério da Justiça e Segurança Pública, sob o comando do ex-juiz Sergio Moro, não incluiu o ex-capitão Adriano na lista dos mais procurados do Brasil.
De acordo com o Ministério Público, contas bancárias controladas pelo ex-capitão foram usadas para abastecer Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador, suposto operador do esquema no gabinete do filho do presidente Jair Bolsonaro. Queiroz é amigo do presidente da República.
Adriano teve duas parentes nomeadas no antigo gabinete do senador Flávio. Mensagens interceptadas com autorização judicial mostram ele discutindo a exoneração da mulher, Danielle da Nóbrega, do cargo.
Ele também foi defendido pelo presidente Jair Bolsonaro em discurso na Câmara dos Deputados, em 2005, quando foi condenado por um homicídio. O ex-capitão seria absolvido depois em novo julgamento.