O corpo do miliciano Adriano Magalhães de Nóbrega deverá ser submetido nova perícia, que será realizada pelo Instituto Médico-Legal do Rio de Janeiro e não poderá ser cremado até à realização do exame.
A decisão é do juiz da comarca de Esplanada (170 quilômetros de Salvador), Augusto Yuzo Jouti, que acatou nesta terça-feira (18) o pedido do Ministério Público do Estado da Bahia e de familiares do ex-capitão da Polícia Militar do Rio de Janeiro.
O laudo do novo exame deve ser apresentado à Justiça baiana em 15 dias. Na decisão, o juiz ainda determinou que a Secretaria de Segurança Pública da Bahia disponibilize as gravações dos rádios transmissores utilizados pelos agentes policiais no dia da operação policial.
Também determinou que a o governo baiano realize exame papiloscópico nas munições não deflagradas da pistola supostamente encontrada com Adriano.
Ligado ao senador Flavio Bolsonaro (ex-PSL-RJ), Adriano era acusado de integrar uma milícia e foi morto em uma operação policial na cidade de Esplanada no dia 9 de fevereiro.
A decisão do juiz atendeu a um pedido da Promotoria da Bahia. Por meio de um pedido de produção antecipada de prova, os promotores de Justiça Dario Kist e Gilber de Oliveira defenderam a realização da nova perícia em razão da revogação do impedimento do enterro do ex-policial.
Ao justificar a medida, os promotores afirmaram que consideram prematura a liberação do corpo do miliciano para uma possível cremação, já que esta "extinguiria a possibilidade de realização de novos exames no corpo necessários à completa elucidação das circunstâncias da morte".
Para manter a possibilidade de uma nova perícia, a Promotoria pediu que a Justiça determine que o Instituto Médico-Legal do Rio de Janeiro mantenha intacto o corpo do miliciano.
Os promotores ainda pediram à Justiça que, na nova perícia, sejam analisados elementos como a direção que os projéteis percorreram no interior do corpo, o calibre das aramas utilizadas e a distância aproximada nas quais os tiros foram disparados.
Na manhã desta terça, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que iria solicitar uma perícia independente sobre o corpo de Adriano e disse que uma eventual "queima de arquivo" não interessaria a ele.
Na entrada do Palácio da Alvorada, onde cumprimentou um grupo de eleitores, o presidente disse que o miliciano não teria nada para falar contra ele se estivesse vivo e criticou a conduta das forças policiais na operação que o matou.
— Interessa a quem queima de arquivo? A mim? A mim não. A mim, zero", disse. "Poderia interessar a alguém a queima de arquivo. O que ele teria para falar? Contra mim que não teria nada. Se fosse contra mim, tenho certeza que os cuidados seriam outros para preservá-lo vivo — acrescentou.
Foragido há mais de um ano, Adriano teve parentes nomeados no gabinete de Flávio Bolsonaro e foi citado na investigação sobre rachadinha no antigo gabinete do senador na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.