A Polícia Federal (PF) prendeu na manhã desta quinta-feira (8) o ex-senador pelo Pará Luiz Otávio Campos (MDB). A ação é parte de uma investigação sobre suspeita de intermediar caixa 2, em 2014, durante campanha do atual governador do Estado, Helder Barbalho (MDB). Desdobramento da Lava-Jato, a operação Fora do Caixa cumpriu ao todo seis mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão temporária em Belém, Palmas e Brasília. A ofensiva da PF realizou ainda uma prisão temporária e uma busca e apreensão no Tocantins.
O ex-senador é suspeito de envolvimento no repasse de R$ 1,5 milhão não declarados à campanha de Helder Barbalho, então candidato ao governo do Pará nas eleições de 2014 e que acabou eleito apenas no pleito de 2018.
As ações resultam de investigação iniciada a partir de delação premiada feita por executivos da Odebrecht, que citaram o ex-senador paraense Luiz Otávio Campos. Segundo a Polícia Federal, os depoimento dos executivos da empreiteira citam a realização de três entregas em dinheiro, de R$ 500 mil cada. Os repasses teriam sido feitos nos meses de setembro e outubro de 2014. As investigações apontam que o recebimento foi intermediado pelo ex-senador, que estava vinculado à campanha do então candidato ao governo do Pará.
A PF diz ter indícios de que pelo menos um dos pagamentos foi realizado em endereço ligado a parentes de Luiz Otávio Campos. Os crimes sob investigação são os de falsidade ideológica eleitoral (caixa 2), formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
A investigação foi iniciada junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas depois passou à Justiça Eleitoral do Pará, que obteve a competência para processar e julgar crimes comuns em conexão com crimes eleitorais. Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara da Justiça Eleitoral em Belém.
A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Luiz Otávio Campos. O atual governador Helder Barbalho e o MDB ainda não se manifestaram.
Outra apuração
A operação da PF no Pará ocorre um dia depois de uma denúncia do Ministério Público Federal (MPF) à Justiça contra Lúcio Vale (PR), atual vice-governador do Estado, e outras 31 pessoas suspeitas de integrarem organização criminosa que teria desviado R$ 39,6 milhões de recursos públicos de 10 municípios paraenses.
Os desvios denunciados teriam ocorrido por meio de supostas fraudes em licitações realizadas entre 2013 e 2017, com uso de empresas de fachada. O MPF diz que a maior parte dos recursos desviados deveria ter sido destinada à compra de merenda escolar. A apuração também aponta desvios de dinheiro público destinado à saúde e à assistência social.
Assinada por 15 procuradores da República, a denúncia é resultado em apuração iniciada em 2017. Além de formação de organização criminosa, os denunciados também são acusados por supostos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e peculato.
A reportagem ainda não conseguiu contato com a defesa do vice-governador.