Na segunda-feira (19), o juiz Francisco Carlos Inouye Shintate condenou o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que foi candidato à presidência da República pelo PT em 2018, a quatro anos e seis meses de prisão em regime semiaberto por prática de caixa 2 na campanha eleitoral de 2012, quando venceu a eleição municipal paulistana. Ele nega as acusações e mostra revolta com a condenação.
— Levei quatro anos da minha vida para provar que o Ricardo Pessoa (ex-presidente da UTC) havia mentido na delação dele. O juiz afastou essa acusação. E o que ele fez? Me condenou por algo de que não fui acusado.
A denúncia, lançada por Pessoa em sua delação premiada, era de que a empreiteira havia destinado recursos não contabilizados pela campanha de Haddad à prefeitura de São Paulo em 2012. Segundo o ex-prefeito, o juiz reconhece na decisão que não há como condená-lo pela suspeita lançada por Pessoa.
— Todas as testemunhas que escalamos mostram que a acusação do delator era falsa. Então, o juiz afastou a primeira acusação e me condenou por algo que não estava no processo: por ter declarado serviços na minha prestação de contas que não foram prestados. O inverso da denúncia original — diz Haddad.
— Esse nunca foi o objeto da ação, nunca fui chamado a responder essa questão, nenhuma das testemunhas foi questionada sobre isso. Eu não consigo entender — complementa.
Haddad diz, em tom de indignação, que sofre há quatro anos os efeitos da acusação que foi afastada pelo juiz eleitoral.
— Agora vou sofrer mais dois. E a repercussão na minha vida? No meu ganha pão? Na vida da minha família? Vou eu agora explicar que fui condenado por algo de que não fui acusado. Como aguenta isso?.
A defesa de Fernando Haddad vai recorrer. Segundo seus advogados, a sentença é nula por tratar de suspeitas que não estavam na acusação.